Foto de Ana Luís Rodrigues





Da série "Poemas do futuro"


 

Barbeio-te da minha cara


Durante muitos anos 

nunca me esqueci de nada 

ao ver-me ao espelho 

era capaz de ver a coincidência 

da tua cara com a minha 

De tanto barbear as minhas memórias 

fui retirando as camadas 

de passado que já marcavam 

o meu rosto ___ e continuo 

e continuo

e continuo


Da próxima vez que rasurar

as minhas memórias 

vou dissolver-te na água 

do meu lavatório mental. 


 

Lisboa 2025




 

12 comentários:

  1. Teresa Palmira Hoffbauer14 de setembro de 2022 às 13:03

    Num dia em que aqui chove „gatos e cães“ a belíssima fotografia leva-me às praias italianas durante as minhas férias de verão.
    Embora o poema seja escrito em 2025 o passado está presente.
    Trágico, muitíssimo trágico é o final do poema.
    Ser dissolvida na água do lavatório mental de alguém … é terrível.

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    1. A viver o futuro agora. O Verão virá de novo, agora temos de explorar a beleza do Outono.

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  2. Comentário de VENTANA DE FOTO que recebi por mail :

    Por mucho que se quieran borrar los recuerdos, siempre vienen a la mente de forma improvisada..
    Besos.

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  3. boa tarde
    mais um poema do futuro...
    será que podemos dissolver as memórias?!
    algumas sim, outras acho que não.
    continuaçao de uma boa semana.
    :)

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    1. A ilusão de que podemos, por acção própria, apagar as memórias.
      Um abraço.

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  4. Gostei bastante da forma como descreveu uma convivência. Até as memórias se confundem. E elas também se perdem no labirinto em que vivem. Abraço.

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    1. As memórias, involuntariamente esquecemos umas e lembramos outras, nem sempre as que queríamos.
      Um abraço

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  5. Antes ter memórias para rasurar do que não ter nenhumas.
    Abraço e saúde

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  6. 2025 está já aí, não tarda
    espero
    que da memória tida
    nada se apaga

    «Somos a memória que temos...»

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    1. Não se apaga tudo, mas para bem da nossa sanidade mental esquecemos algumas coisas.

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