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Poema que nasceu ao balcão da cervejaria
Sentado ao balcão num daqueles bancos altos ___
___ uma imperial a borbulhar impaciente
e eu a fazer contas nas costas de uma factura
Pergunto ao empregado atarefado e desatento
se sabe que os juros aumentaram ___
___ ele trouxe mais tremoços
percebeu
Os tremoços acabaram!
a inflacção também chega aos tremoços?
perguntei-lhe
e ele apresenta mais tremoços
percebeu
Não chegam os tremoços!
Bebo a imperial já farta de esperar por mim
e saio sem tocar nos tremoços
Afinal a vida
é um lugar de sucessivos mal-entendidos
e eu sou um modesto consumidor de prazer
do que se paga barato e sem compromisso
como beber uma imperial e
desprezar os tremoços
Grave, grave é a factura que trago no bolso
é a vida a ameaçar-me de morte
e o coração assustado a dizer-me
que sou um homem pequeno
para um coração tão ambulante e insubmisso.