Amigos,
gostei muito da festa.
No início estranhei, não estava habituado
mas fui muito ajudado sobretudo
pelos que me trouxeram a esse convívio.
Fui ficando, nunca pensando
que tinha de me ir embora.
Conhecia muita gente que lá estava e
conheci alguns que valeram a pena, outros nem tanto.
Encontrei alguém com quem vim a unir-me
e com quem acabei por trazer mais gente para a festa.
E dancei, muito, mas só algumas músicas
e com pares escolhidos por mim
algumas vezes fui escolhido
mas nem sempre aceitei o convite.
O lugar da festa era um deslumbramento
mas vi que alguns convidados danificavam as instalações
sem preocupação, nada daquilo lhes pertencia.
Foram dias e dias de divertimento e alegria,
mas assisti também a discussões,
a recontros entre convidados que se detestavam
apenas porque as suas vidas não eram iguais
e a violência vinha, às vezes, com gravidade.
Mas a festa continuou. Como o recinto era grande
muitos nem se aperceberam da dimensão de certas agressões. Ainda hoje, muitos, pouco se importam com isso,
querem é que a festa continue.
Admirei muito aqueles que,
quando julgávamos estar na hora de deixar a festa
nos convenciam e arranjavam maneira de ficarmos
mais um pouco, mesmo que participando menos,
ficando sentados a ver os que ainda se divertiam.
Pelo menos íamos ouvindo a música.
Alguns dos convivas saíam repentinamente sem que ninguém
se apercebesse e para eles a festa tinha acabado.
Amigos,
a festa dura há muito tempo, sou daqueles que estou sentado
a ouvir música sobre música que cada vez
é mais uma sucessão de sons arbitrários,
tocam pouco aquelas peças antigas, calmas, melodiosas.
Estou cansado, vou sair agora a coberto deste nevoeiro
que começou a cair sobre a minha vida.
Espero-vos para a próxima festa em local a designar.
Excelente reflexão sobre a amizade como algo que nos une a vida e às outras pessoas.
ResponderEliminarGostei
Muito obrigado pela sua visita e pelo seu comentário.
EliminarBoa Noite.
Então, nem vale a pena fazer-lhe a pergunta a sacramental:
ResponderEliminarEsteve boa a Festa, pá?
Deduzo que tenha tido um final triste essa sua Festa.
Fico à espera que designe o local da próxima festa e se digne a fazer-me o convite.
Sobre a frase, concordo plenamente:
Quem possuir seja o que for corre o risco de a perder.
Por isso, nunca tive esse sentimento de posse sobre nada nem ninguém, assim, não corro o risco de perder o que nunca foi meu...
Boa Noite e bom Domingo.
Se ler o texto com a interpretação com que o criei duvido que queira ser convidada para a "próxima festa".
EliminarObrigado pela sua visita.
Boa Noite.
Talvez tenha sido induzida em erro por este seu parágrafo:
EliminarAdmirei muito aqueles que,
quando julgávamos estar na hora de deixar a festa
nos convenciam e arranjavam maneira de ficarmos
mais um pouco, mesmo que participando menos,
ficando sentados a ver os que ainda se divertiam.
Para além disso, é hábito do Sr.destas Nuvens, frisar sempre que tudo aqui é ficção.
Creio que a minha confusão possa ter sido o facto de esta Festa não ter tido a alegria esperada e, por isso, pretender designar outra num outro local. Aí, sim, ajusta-se ao que me referiu.
Agradeço que leia atentamente o que agora tentei explicar.
Obrigada.
Julgo que o intento de descrever no texto o percurso da nossa vida, não foi conseguido. Por isso vou tentar explicar o que quis dizer tentando ser breve.
EliminarNo início estranhei a festa porque tinha acabado de nascer. Quem me ajudou foram os pais e outros. Conheci muita gente e alguém com quem me uni e de quem tive filhos, ou seja, trouxe mais alguém à festa. Escolhi os meus amigos. Os que destruíram as instalações, quer dizer, os que destroem o planeta onde têm lugar a Festa da vida. Depois falo nas guerras e naqueles que nem sabem o que se passa no mundo. A seguir refiro os médicos e profissionais da saúde (que arranjam maneira de ficarmos mais um pouco). Alguns dos presentes na Festa saem de repente, ou seja, morrem de repente. Depois eu soube que também ia "deixar a Festa"
Para terminar fui irónico e disse que esperava por todos para a próxima Festa que não sabemos onde é.
Desculpe a explicação mas julgo que não consegui o objectivo do texto.
Boa Noite.
Sim, atentando na explicação agora dada, o que sinceramente lhe agradeço, compreendi perfeitamente o objectivo do texto inicial.
EliminarEntretanto, só mesmo se eu tivesse poderes telepáticos, chegaria lá assim numa primeira leitura.
Muito Obrigada e tenha igualmente uma Boa Noite.
Não se preocupe, está tudo bem. :)
Obrigado pela atenção dedicada.
EliminarBoa Noite.
Uma vida coberta de nevoeiro não é uma vida em festa.
ResponderEliminarAdiante...
Durante a leitura do poema, do qual gostei, pensei na festa do Avante!
Será que há uma próxima festa?!
O único ponto de parecença com a Festa do Avante é a palavra Festa. Escrevi este texto como uma forma de descrever o nosso percurso na vida no planeta desde que se nasce até que se morre tocando pontos marcantes do que aqui se passa. A Festa da vida.
EliminarObrigado pela sua visita.
Boa Noite.
Embora a festa do Avante! estivesse presente durante a leitura, porque sei que é um amigo do ROGÉRIO, COMPREENDI que era a Festa da vida de um homem cansado coberto de nevoeiro. Metáforas marcantes.
EliminarBoa noite.
Peço-lhe que leia a resposta que emiti para a Janita.
EliminarUm grande obrigado.
Boa Noite.
e assim, fica tudo mais claro.
ResponderEliminarainda bem que a minha primeira leitura não
é o que me deixou a pensar: o abandono deste lugar.
Esta "Festa" merece ser publicada.
Se houver ocasião para tal, pode contar
que serei dos primeiros a comprar.
Bem-haja por escrever tão bem.
Abraço
Eu é que lhe agradeço a gentileza do seu comentário.
EliminarAbraço-o também.
Um Grande Bom Dia.
Gostei dessa forma bonita de descrever a vida. Mas se não te conhecesse ficaria a pensar que estarias "de partida" . Essa tua energia inesgotável , que não te deixa parar um minuto, contrasta com o sentido daquilo que escreves :))
ResponderEliminarGostaria de ter só metade dessa energia. Parabéns!
Obrigado pelo comentário. Quer dizer, ficarei na festa até saírem todos?
EliminarSerei eu a fechar a porta do recinto?
Até logo.
Nunca se sabe quando vai ser o último adeus mas imaginá-lo deixa-nos sempre de coração partido.
ResponderEliminarEstou de acordo, que seja muito tarde, é o que desejamos.
EliminarObrigado pela sua vinda.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarLi, e reli.
ResponderEliminarGostei da maneira como a festa evoluiu.
Há coisas na festa que nem sempre correm bem, há que lhe dar a volta.
Por vezes desanimados, abandonamos a festa, mas, quiçá, voltamos para tráz e a festa continua, noutros moldes, mas continua.
E enquanto continuar que sejamos os últimos a abandonar, com qualidade de vida e dignidade.
Eu acho que esta festa é o que eu chamo de teatro, onde nós somos actores, mas não sabemos as cenas nem contra cenas, nem enredo, nem final, mas estamos no palco a fazer o melhor que se sabe, embora por vezes sejamos uns pessímos actores, outras vezes revelaçoes que ficam nos escaparates do teatro.
Meu amigo, eu entendi a sua festa. A vida!
Não sei se o meu comentário faz jus ao poema, mas, aí deixo o meu contributo.
Um poema excelente.
Beijinhos
:)
PS:Apaguei o anterior pois tinha dois erros de grafia.
Gostei da aguarela também!
O seu comentário aprofunda o texto e enriquece-o, o que muito lhe agradeço.
EliminarObrigado pelos elogios que me ajudam a continuar.