O que farei com as minhas memórias?
Em dias de sol,
apenas em dias de sol "desmisturo-as",
as boas memórias para a esquerda,
as más memórias para a direita.
Separo depois as boas desta maneira:
aquelas com que aprendi
e as que me deram prazer.
Mergulho nelas, dou braçadas
e mesmo sem saber nadar no meu passado
não me afundo fico à tona até o sol se afogar.
As más rego-as com a compreensão
e largo-lhes o fogo do esquecimento,
sopro para longe as más memórias dos outros,
ficarão ainda as cinzas, com o tempo,
um dia, um golpe de vento as levará.
O que farei com as minhas memórias?
A verdade é que não sei o que fazer delas
e lanço-me à construção de novas memórias inúteis.
As memórias como último recurso da nossa existência. Um refúgio pouco seguro e que nos tira muitas vezes tranquilidade para viver.
ResponderEliminarGostei
Comentário certeiro sobretudo no final da sua frase. Obrigado.
EliminarBoa Noite.
Belo poema
ResponderEliminarcontudo
a memória que temos, o que fica
é a nossa própria memória
que a separa
É que toda a memória é selectiva
Estou muito de acordo, tenho constatado isso ao longo da minha vida.
EliminarMuito Obrigado pelo comentário.
Boa Noite.
Invejo-o, domador de memórias. As minhas não me obedecem e, na maior parte das vezes,fazem-se rogadas. :)
ResponderEliminarBom dia, é tudo ficção, na verdade não consigo pô-las na ordem.
EliminarObrigado pela sua visita e pelo comentário.
Até à próxima.
As memórias visitam-nos. Como me acontece quando venho ao seu blog.
ResponderEliminar:)
O seu comentário é muito simpático. Agradeço-lhe.
EliminarAté logo.
Maravilhoso ler o que escreve. Pura e doce poesia. Admiro a forma como (tão bem) escreve
ResponderEliminarAs telas são magistrais
Cumprimentos
Fico sensibilizado com as suas palavras. Ajuda-me a continuar.
EliminarCumprimentos e até logo.
Lembranças
ResponderEliminarPor vezes
calo-me no silêncio da noite
e abraço tranquila
as minhas recordações
como pérolas ocultas, em tempos idos.
As memórias ressuscitam
em fragmentos de mel e fel
o silêncio rasga-me
as mágoas que eu enérgica
escorraço para o vácuo
e se dissipam devagar.
eu, apenas deixo emergir
como sílabas indizíveis
os momentos que eternizados
no meu tempo são flocos pintados
de venturas e ternuras idas.
e ao alvorecer
um bando de pássaros acorda-me
do meu torpor e eu respiro
o bálsamo das gardénias
que a mãe tinha na casa grande.
©Piedade Araújo Sol 2020-04-06
Cada um com as suas memórias e cada um a gerir as recordações com as técnicas que foi inventado. Fico sensibilizado com a gentileza de me enviar esse seu poema, afinal, um poema da mesma família do meu.
EliminarMuito Obrigado.