Eu, tocador de nada


Eu e o meu saxofone, 

sofríveis tocadores de sonhos

naquele bar há tantos anos. 

Guardamos um acervo de olhares

aprisionados pelos acordes lentos, longos

suportados pela emoção___

___ as vibrações aventuram-se 

na luz ténue e grave

enquanto as mãos dos amantes

constroem um tricô sem palavras

que, mais tarde, edificará os dois corpos. 


Esgotadas as notas ___ como um lamento

entro nas madrugadas antigas

passo a passo no chão molhado

no regresso a casa

à luz macilenta e grave da minha cama

com o som do sax ainda em mim

que me apoquenta 

e acorda a saudade de momentos 

de exaltação do corpo. 

Estendo a mão 

para o espaço de culpa ao meu lado

apago a luz e o som do sax

e sonho com nada___

___ antes que seja dia. 




 

16 comentários:

  1. Ambiente soturno e poético, bem descrito
    Gostei

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  2. Acontece-me o mesmo
    mas ao som do silêncio
    sem qualquer instrumento...

    dói

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    1. O YouTube não quis colaborar, é uma pena.

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    2. O YouTube ontem trocou-nos as voltas mas hoje já funciona tudo como o normal.
      Recordo-me de que quando estreou o programa «O Eixo do Mal», durante as primeiras semanas choveram na Sic telefonemas a perguntar de quem era a música do genérico. Isto ocorreu há 16 anos atrás. Hoje bastava ir ao "Shazam" fazer o reconhecimento da música! 😊

      Gostei do tríptico!
      Se for essa a vertente das próximas publicações, vou passar a sair daqui bastante mais consolada.
      (^^)

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    3. Lembro-me de andar também atrás dessa música.
      Obrigado pela sua apreciação sempre tão positiva.

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  3. Adorei o som!
    Soou-me tão, mas tão, familiar ao ouvido das minhas memórias...
    Obrigada pela escolha.

    Não toco saxofone
    mas guardo acervos de olhares...

    Não entro por madrugadas antigas.
    Estas que vou vivendo agora
    expulsam-me do coração de mágoas
    com sons de alegres cantigas...

    Também gostei muito da aguarela, sim.

    Tenha um Bom Dia, Poeta!


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    1. Fico agradado com o seu comentário benevolente.
      Agradeço muito.
      Até logo

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  4. De verdes e de azuis vestiu a aguarela "de hoje", condizendo com o poema e som o saxofone.

    Abraço, L.

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  5. Interiorização, reflexão, silêncios entre gritos de nada. Gostei muito.
    .
    Um dia feliz
    Abraço

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  6. A aguarela de hoje de verdes e de azuis é leve e harmoniosa como o som do vídeo, que afinal funciona.

    Ouço o saxofone na exaltação do meu corpo.

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    1. A poesia, a imagem e a música, por momentos, a tomar conta dos sentidos.

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  7. A aguarela é bonita. tem o ver que eu traduzo de esperança e junto com as outras cores cria uma atmosferda de leveza que nos cai bem ao olhar.
    O poema é profundo e verdadeiro.
    Há pessoas falo por mim, que adoram a sua profissão, mas aquilo que no principio era um desaio e prazer, depois de algum tempo é fastio e quase ódio.Embora eu gosto daquilo que faço.
    A umagem do poema é uma paixao que se torna depois num hábio, e depois já quase um castigo só de ouvir.
    Um poema muito forte, mas muito lúcido.
    É como eu o senti...
    :)

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    1. O seu comentário é completo e analisa bem o texto.
      Muito Obrigado

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