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O nome das coisas


Andei perdido

fora do conforto das sopas quentes

é neste chão gasto que me encontro. 

O latido metálico dos cães 

saltando os muros dos quintais 

abafam os sons das casas iluminadas. 

Sons de louças dançando, 

uma criança a devorar o silêncio chorando, 

um anúncio da TV soando, 

uma mulher zangada gritando. 

Andei perdido 

fora do conforto das camas quentes

é neste chão gasto que me encontro.

O peso que as fábricas de fantasias 

fabricaram na minha vida 

deixaram-me neste chão gasto 

onde estou ___ rígido ___

___ sem mais palavras. 

O medo é a única palavra 

que dá nome às coisas.




20 comentários:

  1. Belo, tão belo o poema, que receio qualquer palavra minha quebre o encanto das suas palavras.
    Só uma pequena nota discordante.
    A única palavra que dá nome às coisas é a palavras Esperança.
    Pode ser batida, gasta, mas é a única que vou alimentando.

    A fotografia segue paralelamente ao texto no caminho rico em emoção e poesia.
    Belíssima publicação.

    Parabéns ao autor.
    Um grande Abraço.

    Boa noite.

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    1. É um grande contentamento para o autor receber um comentário tão positivo e tão qualificado, alimenta o desejo de continuar. Sim, tenho esperança de continuar a contar com a sua presença e com a de todos os que me dão atenção e me visitam mesmo sem comentarem.
      Um abraço também grande. Obrigado.

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  2. O autor como esteta permanente das coisas, do belo
    Bela dissertação

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    1. Um agradecimento pelo incentivo.
      Palavras estimulantes.
      Boa Noite

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  3. Boa noite!

    É só para lhe desejar UM BOM NATAL!

    Sudações Natalícias!!

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    1. E eu agradeço a gentileza e a atenção que me dedica. Retribuo os votos de Boas Festas e com saúde.

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  4. Muito semelhante, em tudo, a um desabafo de um sem-abrigo.
    Abraço amigo.
    Juvenal Nunes

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    1. Interessante a sua interpretação. É um gosto ter a sua visita. Desejo-lhe Festas Felizes e com saúde.
      Um abraço também.

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  5. Penso que ao falar no passado, significa que o presente e o futuro é algo a ser vivido- sem medo- com esperança-!

    Muito belo, sentido e real o seu poema.

    Desejo-lhe um Feliz Natal !
    Um abraço

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    1. É com gosto que recebo a sua visita e as suas palavras. Obrigado.
      Felizes Festas com tudo a correr bem e com saúde.
      Um abraço.

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  6. Olá!
    Hoje não vi nada, não li nada.
    Hoje vim apenas desejar-lhe um Feliz e Santo Natal.
    E agradecer as palavrinhas que tem deixado lá, no pétalas.
    Beijo, muita saúde.
    (como o Natal será diferente e os dias seguintes desinteressantes, por certo virei secar os olhos em belos versos e imagens)

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    1. Sempre gentil nas suas palavras. Espero as suas visitas que me dão muito gosto bem como os seus comentários.
      Um abraço, Bom Natal.

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  7. Viva!... Vim revisitá-lo e não pude deixar de ler o comentário do poeta Juvenal Nunes.
    Curiosamente, ao reler o seu texto poético, fiquei a pensar que a semelhança das palavras, que bem poderiam ser de um sem-abrigo, se deverá ao facto dessa ausência, não de alimento para o corpo, não de um tecto, mas na confissão pungente de quem vive à míngua de afecto, de alimento para alma.
    Lamentavelmente - para mim, já que por vezes preferia não tomar conhecimento 'das coisas' - / outros passam sem ler nem ver, quanto mais apreciar e interiorizar as palavras de quem escreve e merece ser lido...

    Razão tinha Eugénio de Andrade:

    Passamos pelas coisas sem as ver,
    gastos, como animais envelhecidos:
    se alguém chama por nós não respondemos,
    se alguém nos pede amor não estremecemos,
    como frutos de sombra sem sabor,
    vamos caindo ao chão, apodrecidos.


    E o sem-abrigo, oh Deus, lá vai mendigar uma migalha de atenção...a fruta caída ao chão.

    Cai o pano, a espectadora levanta-se e sai sem aplaudir, desolada e triste...

    Talvez não haja um segundo acto, quanto mais três...Tem razão o dramaturgo ao duvidar do apreço e da paciência da assistência.
    Porém, Caro Escriba, não generalizemos e toca de olhar em frente.

    Boa Consoada! 😘

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    1. Foi com apreço que li o seu texto e fico agradado com a atenção e o valor que dá à publicação e que por isso, vem de novo completar o seu pensamento sobre o que aqui leu. Compete-me agradecer-lhe tão cuidadas visitas e tão interventivas, o que só valoriza este lugar, por vezes de controvérsia, mas que o torna mais rico.
      Um grande obrigado e até logo.
      E também um abraço.

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  8. Um poema muito bonito. Tenho andado por aqui sempre que posso, leio os poemas e saio sem deixar pegada. porque embora goste imenso de poesia tenho grande dificuldade em comentá-la. Costumo dizer que poesia sente-se, não se comenta.
    Foi por isso com surpresa que o vi hoje no Sexta e é com um sentimento de gratidão que retribuo os votos de Festas Felizes com muita saúde e o que mais desejar.
    Abraço

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    1. Acontece o mesmo comigo, vou algumas vezes ao seu blogue mas não deixo comentários. Desta vez tinha de lhe deixar as Boas Festas, assim fiz e agora tive a grata surpresa de a receber aqui. Fico grato com a sua amabilidade.
      Envio-lhe um abraço.
      Uma noite feliz.

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  9. Boa noite meu querido amigo Luís. Esse ano foi um ano de muito medo e mudanças em nossa vida, muitas vezes nos sentimos como se os nossos pés não estivessem firmes no chão. Mais não podemos desistir jamais. Desejo um Feliz Natal com três S para você e sua família: Saúde, Sorte e Sucesso. Com o primeiro S você conquistará as demais coisas. Que você realize todos os seus sonhos e projetos.

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    1. Meu Caro Luiz, sensibilizou-me esta sua mensagem. Este ano foi realmente um tempo difícil aqui e sabemos que no seu país também não está fácil. Tudo o que me deseja é o mesmo que lhe desejo a si e à sua família. Continuaremos aqui a contactar através dos nossos blogues.
      Um grande abraço amigo, que tudo corra bem consigo e com saúde.

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