É tarde
Repara como os nossos corpos
ficaram menos belos.
Dantes a nossa pele era lisa e fresca
não tinha manchas escuras
e estas rugas infindas
que o tempo sabiamente marcou
como tatuagens.
E como ficámos parecidos
as caras descaídas e sombrias
com as expressões baças
que em ti e em mim se assemelham
temos uma história no rosto
as marcas do passado
que ganhámos um com o outro.
As nossas vozes outrora diferentes
ficaram semelhantes no tom de enfado
a tua menos doce
a minha mais rouca e seca sem calor.
Já não te afago porque não consigo
apagar as tuas rugas com a minha mão.
Os teus cabelos mais finos e sem cor
parecem-se afinal com os que me restam
depois dos vendavais da nossa vida.
Há tanto tempo não adormecemos juntos.
É tarde ___
___ tu já dormes
e eu para aqui
a matar o resto do tempo que se foi.
Uma nova versão do poema anterior, mais melódica, mais realista, mais bela.
ResponderEliminarGostei imenso.
Assim como gostei igualmente do caracol.
Parabéns!
Um abraço.
Muito me agrada que tenha valorizado esta versão. O caracol agradece.
EliminarAté amanhã. Um abraço.
O mesmo tema, mas o poema de ontem era mais subtil.
ResponderEliminarDuas versões, duas formas de apreciar a realidade.
EliminarE qual destas versões ELA gostou mais?!
EliminarAinda não se pronunciou.
EliminarNa IDEIA de descrever a realidade com duas perspectivas — é que está a QUALIDADE do poema, sendo secundário qual toi o poema favorito 🐌
EliminarUma tentativa experimental.
EliminarFicou interessante esta versão 2.0... mas vou já dizendo que prefiro o texto de ontem.
ResponderEliminarSou uma romântica... e este texto chega a ser cruel lê-lo hoje depois de ter lido ontem o outro.
Um choque de realidade!? Um ataque de honestidade?!
Já sei, cada um que interprete à sua maneira!
Gostei do caracol, levou-me à minha infância quando, acocorada do meio do jardim, esperava pacientemente que ele (o caracol) colocasse os corninhos ao sol!
(^^)
Esta foi uma tentativa de mostrar como a mesma realidade pode ser descrita.
EliminarInteressante como os gostos se dividem.
Um abraço e obrigado pelo seu comentário.
É tarde ___
ResponderEliminar___ tu já a dormires
e eu para aqui
a querer enganar o tempo
a querer matar o tempo
afagando
as rugas que me deixam
a tua ausência
_________________________
Abraço largo!
As rugas são história mas a ausência de alguém também.
EliminarUm abraço
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarVolto para alterar a minha opinião.
ResponderEliminarComo ontem me dispersei com aquela parte do cabelo doado ao vento e o não voltei a ler, hoje praticamente fixei-me no final do poema.
Relendo ambos, creio ser muito triste já não existirem afagos.
Resumindo, vou ficar com o poema de ontem, adicionando-lhe o final de hoje:
"Os teus cabelos mais finos e sem cor
parecem-se afinal com os que me restam
depois dos vendavais da nossa vida."
Vamos fazer de conta que o leitor é quem escolhe, o que melhor lhe soa e agrada.
Pode ser? Uma espécie de discos pedidos...
Obrigada!
Estou de acordo e aceito que alterem, cortem e cozam com outro, o que quiserem, afinal como poderia eu impedir esse estímulo à sua criatividade?
EliminarEu é que agradeço essa participação atenta.
Não adormecemos juntos ou não dormimos justos — são dois pares de sapatos .. muito diferentes 🐌
ResponderEliminarSão, de facto, duas situações diferentes.
EliminarA velhice e a forma como a vida nos consegue doer em tantos pontos
ResponderEliminarTemos de encarar e compreender.
EliminarSinceramente gostei mais do poema de ontem embora na verdade os dois me pareçam muito tristes. Como se os anos e as rugas acabassem com o amor que une duas pessoas. Não acredito nisso. O corpo envelhece, os sentimentos não. Nascem e vivem toda a vida, ou morrem por situações várias e dolorosas, mas nunca por causa do envelhecimento. É o que a vida me ensinou, nos 70 e tais que já vivi.
ResponderEliminarAbraço e saúde.
Também acredito que em alguns casos seja assim.
EliminarObrigado pela sua opinião.
Um abraço, saúde também.
Concordo em absoluto com a Elvira. Os sentimentos não morrem por causa do envelhecimento. Morrem pelo desencanto,egoísmo,arrogância e prepotência.
EliminarApoiado/a...e o Amor morre precisamente de desencanto, nas vítimas desse egoísmo, arrogância e prepotência de quem se deixou enlear nas malhas de uma pele mais fresca e jovem, num corpo mais elegante. Aí, ainda bem que o Amor morre e liberta quem um dia o sentiu...
EliminarO poema deixou-me enternecida e a pequenina aguarela deixou-me fascinada. Esse seu caracol procura (e encontra!) todos os sóis do universo :)
ResponderEliminarAbraço, L.
PS - Não me pergunte onde se meteu a minha outra conta que, com estes meus imprestáveis olhos, perdi-lhe o Norte...
Gostei muito do seu comentário. Quanto à sua conta... não dei por nada, identifiquei-a logo.
EliminarMuito Obrigado e um Abraço.
Chegar4 à velhice e poder vaguear assim pelo imaginário é simplesmente louvável. É lindo o caracol que procura o seu rumo. Será que o encontra?
ResponderEliminarCumprimentos
Obrigado pelo seu comentário. O caracol continua a procurar.
EliminarBoa Tarde.
Veja só, caro anfitrião, o que assaltou agora esta minha cabecinha pensadora:
ResponderEliminarSerá que o caracol não está aqui de todo nada inocente nesta história, e sim para nos dizer da eficácia do retardar das "rugas infindas
que o tempo sabiamente marcou como tatuagens", se usarmos o creme feito da baba do caracol?...Hummm
Vou, e hoje já não volto.
Obrigada pela sua paciência.
Não tinha pensado nisso mas será decerto uma promoção para os caracóis que andam a babar-se por aí.
EliminarVolte as vezes que quiser, do que eu gosto é desta tertúlia neste espaço.
Muito Obrigado
Um abraço.
Depois de ler sua postagem anterior, encontro, aqui, um outro lado do mesmo tema. Nesse poema há a tristeza e o desencanto advindo das ações do tempo sobre a pele, sobre a voz... envelhecimento inevitável, que pode o amor ignorar. Igualmente belo, embora traga frustração diante do tempo que se foi. Abraço.
ResponderEliminarOs dois textos sobre o mesma tema, duas formas de olhar para a mesma realidade conforme o estado de espírito e a envolvência sentimental.
EliminarObrigado pela sua visita. Um abraço.
Quando envelhecemos, com a sorte de ter quem amamos por companhia, acabamos por ficar parecidos, quer fisicamente quer no comportamento.
ResponderEliminarEste poema é mais realista que o anterior, mas igualmente belo .
Um abraço !
Uma sorte com que a vida premeia alguns.
EliminarObrigado pela sua opinião.
Um abraço.
Regressei agora a casa ... e o caracol 🐌 continua aí todo catita!!
ResponderEliminarOs caracóis são seres tranquilos, Teresa...andam devagarinho, sem stress.
EliminarSe viesses só amanhã ainda o verias aí à tua espera...