Acrílico sobre tela engradada pintada no verso 30X30 cm. 




 

A despedida do pai austero


Projecta-se a sombra 

na parede do quarto

obra da luz fraca, amarela

da mesa de cabeceira. 

O pai morto mais uma vez

mas vivo ainda

para nos dizer:

     Gosto de vos ver todos aí 

     não me peçam para ir já 

     tenho a minha identidade

     tenho a minha vontade

     e quem me contradisser

     leva já um estalo. 


E morreu. 





24 comentários:

  1. Ao chegar ao final do texto poético, não pude evitar o riso, L.

    O assunto é bem sério, no entanto; fiquei com a estranha sensação de ter soltado uma gargalhada num velório real...

    Forte abraço!

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    1. A sua reacção foi a que desejei. Agradeço a sua sinceridade que me deu grande satisfação.
      Um abraço.

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    2. Ontem à noite ri-me tanto ao ler o poema, que não tive coragem de comentar, pensei que era a minha famosa falta de sensibilidade.
      Hoje, ao ler que a Maria João soltou uma gargalhada, fiquei liberta de culpa.
      O quadro é diferente e lindo.

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    3. Eu desejava essa reacção por parte dos leitores e fico reconhecido por confessarem o Vosso riso.

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    4. Não sabia que era a reacção que o poeta desejava e, se não fosse o comentário da MARIA JOÃO BRITO — poetisa com grande sensibilidade — nunca o confessaria.

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    5. Fico reconhecido as todas e todos os leitores.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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    1. Muito obrigado pela vinda e pela caracterização do personagem do texto, com a qual concordo. Espero que tenha sorrido com o final.
      O quadro pertence à série que esteve no Espaço/Galeria António Borges Coelho.
      Bom Dia

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    2. Este comentário foi removido pelo autor.

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    3. Neste seu comentário bastavam as duas primeiras linhas.

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  3. Tarde o temprano, todos vamos a pasar por similar situación.

    Besos

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    1. La vida se reserva el final que, aunque sabemos que sucederá, siempre es una sorpresa.
      Buen fin de semana, un abrazo.

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  4. A morte é mais forte do que qualquer tirano, felizmente ! :)
    Gostei da originalidade da tela.

    Um abraço !


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    1. Sim, nem os tiranos resistem. Obrigado.
      Bom domingo. Um abraço.

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  5. No fim os tiranos morrem como toda a gente.
    Embora fraco sempre é um consolo.
    Gosto da tela. A Trindade desceu à terra num dia de chuva?
    Abraço, saúde e bom domingo

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    1. Os tiranos morrem como toda a gente mas antes de morrerem causam muito mal.
      Obrigado por ter vindo.
      Saúde, um abraço.

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  6. Um dia, minha filha
    em pleno velório
    não sabia eu de quem
    deixou tocar seu telemóvel
    que tinha como som de chamada
    uma gargalhada

    Sei agora que era esse o finado

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  7. E morreu... engasgado. Há versos poderosos!
    Luis, nunca tinha visto uma tela pintada no verso.
    Pra tudo há uma primeira vez.
    Beijo.

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    1. Está quase tudo inventado, a procura de originalidade por vezes dá nestas coisas. Um abraço.

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  8. E morreu!
    Controlando até a morte.
    Mas deve ter morrido feliz.
    Até ao final fez o que mais gostou.
    Mandar em tudo e todos.
    :)

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