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Reguem-me


Sou uma planta delicada 

incerta 

sem regas amiúde 

sem cuidados. 

Deixo crescer as minhas raízes 

que se afundam 

confusas 

sempre em terras desconhecidas. 

Abro-me para a vertigem do sol

mas não posso dar um passo. 

A confusão é que todos os lugares 

mudam de tal modo 

que deixam de existir e 

de tudo fica um deserto. 

Na verdade o que eu gostava

era de viver num vaso

para cantar à janela.




19 comentários:

  1. Essas bonitas flores da familia os «chorões», costumam nascer nas dunas e gostam de solo arenoso.
    No entanto, não custa fazer-lhes a vontade e passar um pouco para uma floreira e deixar que cantem à janela.
    Ficam elas felizes e alegram quem passa...
    Toda a sua publicação está um mimo. Adorável de simplicidade.
    Tenho um sorriso agradado de orelha a orelha.

    Deixo um abraço e um sorriso.

    Boa noite.

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    1. Primeiro comentário nesta noite. Essas flores são minhas e estão de facto numa floreira, adiantaram-se à Primavera.
      É um agrado ter-lhe provocado um sorriso de aprovação.
      Boa Noite
      Um abraço.

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    2. Reli o texto e tomei consciência de que o autor fala por ele e não põe a flor a falar como percebi.

      Fico igualmente agrada e não perco o sorriso... :-)

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  2. Primaveril o poema e a fotografia — cantando a Primavera que se aproxima...
    Que as raízes confusas não se queimem no sol vertiginoso — então não víamos o poeta como vaso 🪴 a cantar à janela!!

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  3. Somos uma flor, muitas flores, na nossa essencia
    Precisamos de atenção

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  4. Excelente poema, este seu REGUEM-ME, L., e lindíssima a fotografia da sua floreira.

    Deixo um abraço e ofereço-lhe este soneto que me parece, de alguma forma, enquadrar-se muito bem nesta sua publicação;

    A FLOR E A ARMA 

     *

    Dei-vos a flor das armas que não tinha

    - ou tinha e quereria nunca usar... -

    E a dupla imensidão desta alma minha

    Num corpo que a mal sabe resguardar,

     *

    Entreguei-vos a espada, sem bainha,

    Na baioneta, pronta a disparar,

    E ninguém reparou que ela, sozinha,

    Se transformava em flor pr`a vos cantar

     *

    Por isso já não sei se arma, ou se flor,

    Mas seja ela aquilo que ela for,

    Ninguém pode negar-lhe a dupla vida



    E, ao entregá-la com tão grande amor,

    Com ela disparei, sem mágoa ou dor,

    Um verso em flor por pétala caída...

     *

     

     

    Maria João Brito de Sousa – 17.07.2011 – 16.29h

     

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    1. Muito bonito. Um poema que talentosamente fala da flor como uma arma na sua entrega em nome da beleza e do amor. Agradeço tamanha atenção e deixo-lhe um abraço de reconhecimento.

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  5. Foto lindíssima. Igual à beleza da natureza só existe algo que a própria natureza criou: A Mulher.
    O poema é muito atual e "anuncia" a Primavera.
    .
    Feliz fim-de-semana.
    Cuide-se
    .

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  6. As flores estão sempre presas, quer seja numa floreira ou num vaso á janela. Mas se eu tivesse que escolher, preferia ser a primeira, sempre me abria para a vertigem do sol e as minhas raízes podiam crescer livremente.

    Um abraço!

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    1. Talvez tenha razão, vou deixar de ambicionar viver dentro de um vaso.
      Gostei do seu comentário.
      Um abraço.

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  7. A flor que se preza, vive dentro de um jardim 🌼

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    1. Mas as flores modestas também têm direito à vida, viver num vaso não é desprestígio nenhum.

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  8. Digamos que este espaço é uma janela, aberta aos olhos do leitor. E que nesta janela sempre há belas flores, em poesia, aguarelas ou fotos como hoje. Então se não é a flor à janela, é pelo menos o dedicado jardineiro.
    Abraço, saúde e bom domingo

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    1. Achei muita graça ao seu comentário. O jardineiro agradece as palavras tão gentis.
      Um abraço

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  9. Caro Poeta
    As flores também fazem poesia.
    E sim acho que ficava bem num vaso junto â janela.
    Talvez o canto fosse mais melodico.
    Gostei da Foto.
    Beijinhos
    :)

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    1. Nunca sabemos se acabamos dentro de um vaso.
      Obrigado pela vinda.
      Um abraço.

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