Rasuro tudo


Rasuro as memórias com que fiquei

dos contornos de certos corpos silenciosos.

Rasuro a agonia das viagens às profundezas 

da inocência inacreditável. 

Rasuro as palavras outrora preciosas

que criaram nascentes de coisa nenhuma. 

Rasuro a dedicação contra o abandono

para não soçobrar em ondas de arrependimento. 

Rasuro-me ___ rasuro-me

até não ser mais que um palimpsesto 

em êxtase puído pelo silêncio. 


Melhor será parar

com estes cânticos da idade.




24 comentários:

  1. A vida não pode ser reescrita, as nossas memórias não se apagam com pedras pomes a esfregar até sair o que nela já escrevemos... e a água de um rio não passa duas vezes debaixo da mesma ponte.

    Beijo rasurado

    ResponderEliminar
  2. Eu saúdo esses cânticos da idade — tão azuis como o sonho primaveril que leva o POETA à infância.

    ResponderEliminar
  3. A idade protege nos e impulsiona o que de bom temos para deixar como legado

    ResponderEliminar
  4. Eu também saúdo os "cânticos da idade", bem como o direito à rasura, ao azul, à "inocência inacreditável" e até ao "palimpsesto" de si próprio!

    Saúdo-o, L., e deixo-lhe o meu abraço.

    ResponderEliminar
  5. Que se rasurem as agonias da memória
    Que se rasurem as palavras que trazem dor
    Que se rasure tudo o que trouxer sofrimento
    Que fique apenas o êxtase, num cântico de amor...

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Mas que bonito, esperançoso e animador comentário. Agradeço a atenção que dedicou ao texto.

      Eliminar
    2. Ainda bem que gostou. Eu também gostei de saber que, de alguma forma, me redimi - perante mim, claro - do desânimo que eventualmente, alguns outros comentários meus lhe trouxeram.
      Obrigada.

      Eliminar
    3. Não precisa de se redimir, até agora não tenho qualquer "reclamação" a fazer. Tem sido um gosto.
      Obrigado.

      Eliminar
  6. Hay canciones que nos trasportan a otras épocas.

    Un placer leerte.

    Besos.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Gracias por su visita. Nos gusta revivir el pasado cuando es feliz. Un abrazo.

      Eliminar
  7. Devemos sempre fazer, o que pensamos que nos faz bem, se rasurar, rasurar e voltar e escrever nos liberta, força!
    Rasuremos tudo!

    Um abraço

    ResponderEliminar
  8. Boa tarde Luís. Acho que todos em nossa vida já rasuramos uma parte da história da nossa vida. Grande abraço do seu amigo Luiz.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Tem razão, de vez em quando lá rasuramos uma.
      Um abraço amigo Luiz.

      Eliminar
  9. Que se rasure tudo menos os caminhos da vida. A tela rasurada ficou gira..
    .
    Abraço poético.
    .

    ResponderEliminar
  10. Caro Poeta
    todos nós rasuramos tanta coisa em nossa vida
    somos todos humanos
    temos o direito de falhar e rasurar muita coisa...
    boa semana!
    saúde e harmonia é o quelhe desejo
    :)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. De vez em quando tentamos apagar, uma ilusão, a memória volta.
      Obrigado.

      Eliminar
  11. Nada conduce, conservar los recerdos que producen dolor.

    Besos

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Tiene toda la razón, pero no podemos borrar los recuerdos. Un abrazo.

      Eliminar