Foto de Ana Luís Rodrigues



Sozinhos, os passeantes


Os passeantes que vão sozinhos 

vão para lado nenhum 

escolheram ser passeantes solitários 

sozinhos na partida 

sozinhos na chegada. 

Disseram-lhes um dia:

     -Levanta-te 

      deixa que te levem a cadeira 

      enquanto estás de pé 

      se a levarem enquanto estás sentado 

      isso será violento! 

E assim se tornaram solitários 

os passeantes que vão sozinhos

mas encontram-se 

a meio do seu corpo ___ devagar.



 

30 comentários:

  1. O poema assenta primorosamente na fotografia invulgar da Ana Luís Rodrigues.

    ResponderEliminar
  2. Os passeantes
    Conceito interessante de diferente

    ResponderEliminar

  3. "solitário", "sozinho"
    desculpa lá, explica lá isso
    pois nunca me senti só, meu caro
    mesmo quando mal acompanhado

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Não é boa prática os autores explicarem o que criam. Como sempre disse o que se escreve pode ser real ou ficção ou ficção baseada em factos reais.

      Eliminar
    2. Concordo que os autores não estão lá para explicar o que criam, mas sim, os autores da literatura secundária.
      Sem explicação ou sem conhecimentos da biografia de Paul Celan, ninguém compreenderia o que ele escreveu.
      Acontece o mesmo com o seu poema acerca de Joseph Beuys. Para compreender o poema e toda a obra do ícone alemão, há uma explicação no acidente de avião.

      Eliminar
    3. Quem usualmente explica não é o autor mas sim quem analisa as obras ou os biógrafos que investigam e escrevem sobre os autores e as suas criações.

      Eliminar
    4. Nem sempre os biógrafos têm a competencia para analisar a obra do autor.
      Deixemos essa tarefa aos autores da LITERATURA SECUNDÁRIA 📚

      Eliminar
    5. Pois sim
      Concertezamente
      Mas à parte relevante
      passaram adiante
      quando deixei dito

      "nunca me senti só, meu caro
      mesmo quando mal acompanhado"

      Eliminar
  4. Nem sempre os passeantes estão sozinhos Tal como nem sempre se está acompanhado mesmo no meio de uma multidão.
    Gosto muito da foto.
    De volta depois de três dias de cama, com febre, dores no corpo todo, vómitos e inchaço nos pés e mãos. E como toda a gente me diz que o pior é a segunda dose, estou bem arranjada. Bom mas o que interessa é que hoje já estou bem.
    Abraço, saúde e bom domingo

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Estou de acordo, estar sozinho, por vezes, não depende dos outros.
      Já soube de alguns casos em que a vacina provoca incómodos, eu tive sorte não dei por nada.
      Já recomposta, desejo-lhe bom domingo.
      Um abraço

      Eliminar

  5. Em contrapartida, os caminhantes que vão na mesma sozinhos, mas com um propósito em mente, seguem acompanhados...porque levam por companhia o propósito de chegar ao seu destino.
    Durante o percurso, os encontros podem acontecer, ou não, seja a meio do caminho, seja mais perto do final....caminhando mais devagarinho.
    Passeantes e caminhantes, são formas diferentes de se trilharem caminhos.

    Invulgar e interessantíssima, a fotografia. Fixei-me no brilho da pégada e, ou são os meus olhos que me fazem ver o que não existe, ou, do calcanhar desse pé brilhante e frio, fica, como rasto, o rosto de um homem visto de perfil.... Se eu não estiver com alucinações, está ali tudo: o nariz, a boca entreaberta, um olho fechado, a barba tipo pêra e, até, uma argola na orelha...

    Um abraço e um Bom Dia! :)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Apreciei o seu comentário e o seu entendimento sobre passeantes e caminhantes. São sempre interessantes as ideias que aqui ficam depois do exame aos textos que os leitores fazem e que acabam por dar mais conteúdo à publicação.
      Depois de muita acuidade no olhar e na imaginação consegui ver o tal perfil do rosto de um homem moldado na areia.
      Agradeço o tempo que dedica ao que publico.
      Bom Dia, um abraço.

      Eliminar
  6. Que bom seria que todos os caminhos tivessem o mesmo destino de chagada: A FELICIDADE.
    Infelizmente nem sempre esses caminhos encontram esse rumo.
    .
    Um domingo feliz … Abraço.
    .
    Pensamentos e Devaneios Poéticos
    .

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Os caminhos que se trilham podem conduzir a lado nenhum. Obrigado.
      Bom domingo

      Eliminar
  7. Tudo depende do momento... É possível sentir-se muito sozinho e a solidão pesar verdadeiramente no meio de uma multidão eufórica... Ou escolher estar-se sozinho e estar-se confortável...
    Arrasta-se os pés ou anda-se nas nuvens... Mas chegamos a qualquer lugar...
    O texto é brilhante, é a minha opinião, às vezes, caminho sozinha e estou confortável com isso.
    Beijos e abraços
    Marta

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Sim, a solidão também pode ser uma escolha, por vezes desejada.
      Obrigado pela sua vinda. Saúde, um abraço.

      Eliminar
    2. Não se aborrece comigo se eu disser que estar só, por opção e desejo, não representa aquilo que eu considero solidão?
      A solidão é um mal que sai de dentro para fora e nunca o contrário. É uma doença da alma...não por ausência de companhia e sim de alguém que nos complete e dê sentido à nossa vida.
      Desculpe.

      Eliminar
    3. Estou muito de acordo. Não peça desculpa, vale a pena o diálogo.

      Eliminar
  8. Excelentes, o texto poético e a imagem, L.

    Tudo o que me ocorre dizer é que a mais dura das solidões que conheci foi a solidão acompanhada.

    Forte abraço!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Aí está uma experiência que confirma que a solidão também pode existir mesmo quando se está acompanhado.
      Muito Obrigado. Um abraço.

      Eliminar
  9. Eu passeante útil
    Acompanhado na partida
    Acompanhado na chegada
    Cansado sento-me na cadeira retirada

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Gostei deste pequeno poema sobretudo do último verso, absurdo como eu gosto.

      Eliminar
  10. Somos todos passeantes solitários.
    Luis, gostei do poema e da imagem.
    Beijo.

    ResponderEliminar
  11. AO ler o seu poema. lembrei um que escrevi há muito tempo e aqui o deixo.
    Mas, quantas vezes passeamos acompanhados e estamos sózinhos, acho que acontece com muita gente.
    Acho...
    -
    não me magoa o teres partido. isso era inevitável. magoa-me simplesmente, tentar gerir o estado caótico em que deixaste toda a minha filosofia de vida e como conseguiste esfrangalhar todos os meus sonhos em mil cacos, que eu nunca mais consegui recuperar os pedacinhos que se estilhaçaram dentro e fora de mim… é só isso que me magoa. o nunca mais ter essas ínfimas partículas inteiras e completas.

    não me magoa o teres partido, como não me vai magoar o regressares.

    isso também é inevitável.

    ©Piedade Araújo Sol

    ;)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Há pessoas que, mesmo sem darem conta disso, destroem as partes boas de nós.
      Um abraço.

      Eliminar