Foto do autor do texto
Um gemido de criança
Uma criança chora baixo
dentro daquela gaveta
e nas noites claras ressoa
aquele gemido antigo
na aflição do tempo mutilado
que se esgotou.
A falta que as mãos me fizeram
para suster no colo aquela criança.
É nostálgico e violento este choro
como um apelo sem esperança.
Uma criança chora baixo
a explicação de todos os meus versos
tristes e contidos ___
___ num cordão umbilical.
Voltamos à nascença sempre qie fechamos os olhos
ResponderEliminarCompleta-se o círculo.
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ResponderEliminarDesta vez, a "criança" que está a chorar baixinho no seu caixotinho, que faz ressoar o seu gemido, não partilhei com ele o cordão umbilical... mas partilho as minhas mãos para o tratar, amamentar e ajudar a adormecer.
As dores da nossa alma podem ser limpas (ou pelo menos atenuadas) se tivermos de voltar a cuidar de alguém (o neto, por exemplo) ou de uma animal de estimação.
A foto ficou muito engraçada.
Beijinhos entre dois biberons de leite
(^^)
Vejo neste comentário alguma inspiração na última aquisição feita nos últimos dias para proteger um ser indefeso no princípio da sua vida.
EliminarCerto?
Aquisição??
EliminarComo assim?
O mesmo que obter, granjear, trazer para si.
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EliminarCompreendi.
Eu estava a restringir o significado à aquisição com contrapartida monetária.
Obrigada. Sendo assim claro que está correto sim.
🐱
👍
EliminarDiz-me poeta
ResponderEliminarquantas crianças
cabem nessa gaveta
Diz-me poeta
quantas mãos precisamos
para suster os colos
de tantos, tantos, tantos
Tivemos mãos para alguns.
EliminarPinóquio — clássico da literatura infanto-juvenil escrito pelo italiano Carlo Collodi — chora porque quer ser um menino de carne e osso.
ResponderEliminarAcho essa interpretação bastante curiosa e terna.
EliminarGreat pic. Warm greetings from Indonesia
ResponderEliminarI welcome your visit and thank you for your kind words.
EliminarHá muito fechei na memória a gaveta da minha da minha criança. Não podemos rebobinar o tempo nem alterar aquilo que vivemos.
ResponderEliminarAbraço e saúde
As recordações estão lá e são motivo para as passarmos ao papel.
EliminarUm abraço também.
Mind blowing pic
ResponderEliminarUm texto que me disse muito.
ResponderEliminarEntendo essa criança que chora dentro da gaveta, onde jazem as fotos e outras recordações de um tempo distante.
Também eu chorei, baixinho, sem gemidos, para que ninguém ouvisse aquele pranto sem razão.
Acho que já nasci nostálgica, por um qualquer motivo que só a Mãe Natureza saberia explicar-me...No entanto, tive uma infância feliz.
Mais feliz, talvez, se comparada com a adolescência.
Muito obrigada por estas ternas lembranças, apesar de todos os pesares...sabe bem lembrar esse tempo.
A mim faz-me bem! Gosto. :)
Instalou-se na generalidade das pessoas a ideia de que temos obrigatoriamente de ser felizes e que, portanto, não deveremos recordar nem falar do que foi triste e até profundamente traumatizante. Não comungo dessa ideia e por isso, mesmo que ficcionadamente, acho que talvez tenha interesse ir lá atrás buscar o que, bem ou mal, teve importância na nossa formação.
EliminarÉ compensador saber que alguém se sente tocado, o seu caso agora.
Muito Obrigado pela compreensão.
Tem toda a razão!
EliminarPorquê recusarmo-nos a ir até ao nosso passado em busca de momentos que foram tão importantes?
Bons ou menos bons, foram momentos nossos!
Tudo o que vivemos foi a argamassa que nos moldou, que fez de nós aquilo que hoje somos.
Talvez muita da minha revolta actual seja fruto desses tempos de obscurantismo e da negação do direito mais elementar à vida de qualquer criança. Mas essa marca na alma é coisa minha, embora já não doa tanto, ainda não consigo falar dela com naturalidade.
Obrigada e desculpe ter voltado.
(Sei que os confessores estão nas Igrejas, mas não é de penitência e perdão que eu preciso. Não fui eu que pequei.)
Compreendo perfeitamente, também tive infância e juventude.
EliminarObrigado.
O ninho vazio, e as recordaçõs que são a única coisa a que nos podemos agarrar. Escrever ajuda a matar as saudades !
ResponderEliminarFoi o que guardámos ao longo dos anos. Escrevemos para partilhar e continuarmos vivos.
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ResponderEliminarsempre haverá o choro da criança
que mais tarde foi adulto e que por vezes ainda chora
o choro não será muito diferente
:(
As marcas que ficam.
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