A segunda noite


A fantasia

foi ferida com gravidade

não houve lágrimas suficientes 

nem rezas

para curar o agravo

da segunda noite. 

Dez vezes me levantei

da cama onde dormia

tantas quantos os versos

tantas quantos os gritos

para matar o amor. 

Proust ensina a esquecer

a Gilberte da nossa vida.




Foto do autor do texto 



17 comentários:

  1. O apoio de autores nos momentos da nossa vida

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  2. Por vezes, é preciso colocar um freio na fantasia.
    Não sei o que Proust ensinava, conheço pouco da sua filosofia de vida.
    Mas sei o que o Povo diz, na sua sábia simplicidade sobre 'essas coisas' de desgostos de amor:

    "Eu antes para te ver
    saltava quatro quintais
    agora p'ra te fugir
    saltaria uns 30, ou mais!"


    Portanto, não sei se é melhor sofrer a perda de um amor, se sofrer para se ver livre dele.
    Eu já sofri pelos dois motivos e digo-lhe que são dois sufocos muito semelhantes.

    Tanto o céu anterior, quanto este, são pinturas que só a Natureza, nos seus dias mais inspirados, consegue pintar.
    A aguarela, se vista noutro ângulo, parece-me um gato...com olhar esgaziado fitando a fenda vermelha.
    Lá em cima, o céu azul, assiste imperturbável, como sempre.

    Um abraço e bom domingo.

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    1. O seu comentário fala da realidade da vida com os seus episódios de "bem querer e mal querer", acontecem a todos nós. Mas, a nossa imaginação está para além da vida real, é deixá-la ir. Aliás acontece isso consigo ao olhar a imagem, vê algo que eu nunca tinha visto. Recriamos a vida para que ela não seja tão amarga.
      Bom domingo também. Um abraço.

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    2. Desculpe, Luís.
      Não será bem como diz: "bem querer e mal querer".
      Na minha modesta opinião é mais "Querer e deixar de querer", sem necessariamente se querer mal a quem deixou de se querer bem.

      Obrigada.

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  3. por vezes a fantasia é demasiado real
    por vezes a realidade é apenas fantasia
    amor é bom mas pode gerar desamor
    desamor é mau
    odiar ainda pior
    vamos fazendo o caminho da melhor forma que soubermos "caminhar"
    gostei da tela e da foto tem cores fortes e suaves, tal como a vida

    bom domingo caro poeta
    ;)

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    1. Difícil é gerir as emoções. Gostei do seu comentário.
      Bom domingo.
      Um abraço.

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  4. Perturbadoramente belos, poema, aguarela e fotografia.

    Nunca deixei que ninguém me ensinasse a esquecer porque esquecer nunca foi a minha intenção. O distanciamento impunha-se, o esquecimento não.

    Forte abraço, L.!

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    1. Obrigado pela forma como classificou a publicação de hoje.
      Mesmo sem querermos há coisas que esquecemos, outras, mesmo que queiramos, não conseguimos.
      Um abraço.

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  5. Só o tempo ajuda a esquecer.
    É sentimento que não se ensina, só se sugere.
    E o método da aquarela retrata um pouco como devemos diluir as fantasias,
    dando-lhes transparências.
    Muito bom ,L

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    1. Muito poético o seu comentário, a comparação esquecimento/técnica da aguarela é perfeito.
      Obrigado, Um abraço.

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  6. Ach, POETA!
    Eu substituía o “esquecer” por “compreender“ os tropeços da vida, esses amores que roubam o sono.
    Embora a fantasia tenha sido ferida — da dor resultou um belo poema em sintonia com a aguarela e a fotografia.

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    1. "Deixar de amar Gilberte" como disse Proust, igual a esquecer digo eu.

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  7. Depois daquele dia
    Deixei de me levantar
    Deixei de ouvir gritar
    e lágrimas?
    que é isso?

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  8. Bom, não entendi a aguarela, será a máscara da fantasia?
    Do poema, não conheço a filosofia de Proust. Gosto imenso da foto embora as nuvens ameacem tempestade.
    Abraço, saúde e boa semana

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    1. A aguarela é simples apenas um efeito visual de cores e formas
      Muito Obrigado. Saúde, um abraço.

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