Foto de Daniel Filipe Rodrigues
Lume
Tenho um poema na forja
retiro algumas palavras do fogo
malho-as e moldo-as
à minha vontade
depois junto-as indeciso
uma vez, outra vez e outra ainda
se elas me interrogarem
voltam ao fogo e vibram
e ainda incandescentes
malho-as com novo talhe
em que melhor combinem
soldo-as e deixo-as arrefecer
amanhã serão poema.
Depois
ponho a cafeteira ao lume
para o primeiro café de hoje.
Aqui tudo está em brasa.
Um poema esculpe se como um busto ou um amor
ResponderEliminarUmas vezes aparece num lampejo, outras não.
EliminarPoema endereçado diretamente como é realizada parte da sua produção poética.
ResponderEliminarOriginal nesse movimento duplo de repulsa e atração.
Há um claro entendimento entre a cafeteira azul e as palavras quase prontas para um novo poema.
Vá, beba o seu café, POETA!!
Enquanto que o meu pensamento atravessa em brasa a incandescente POESIA desta noite.
Bonito este seu comentário, anima e estimula um autor.
EliminarTenho, da infância, o odor do teu café
ResponderEliminarConvida-me
beberemos calmamente
as palavras do poema que tens na forja
Deixo arrefecer as palavras, um dia ainda beberemos um café os dois.
EliminarFabulosamente sensorial, o conjunto imagem/poema, L.
ResponderEliminarO esmalte azul da cafeteira transmitiu-me uma sensação de intenso frio que, logo a seguir, veio juntar-se ao calor das palavras...
Sou sinesteta, nem sempre consigo fazer leituras objectivas :)
Forte abraço, L.
... e também não quero ser de outra maneira :)
ResponderEliminarNão mudar essa característica, acho que faz muito bem, foi por isso que fez a sua leitura da imagem/texto de uma forma que nem eu reparei. Obrigado.
EliminarSaúde, um abraço.
Que bela é a foto, que bela e tanto me diz!
ResponderEliminarA bonita cafeteira de esmalte azul, levou-me a tempos idos, em que as cafeteiras e 'chocolateiras' ou eram de esmalte ou de barro.
No Inverno, era no 'lume' de brasas na enorme lareira no chão, colocadas em tripeças, utensílios de três pés próprias para cozinhar nas brasas, que se colocavam as panelas e os tachos. Adorei reviver tudo isto.
O poema...pois o poema tinha mesmo ser o de de levar as palavras à forja!
Deixá-las em brasa, para as poder malhar dando-lhes a forma que mais encantassem as suas leitoras.
E conseguiu! Adorei também as palavras.
Um abraço.
( Peço desculpa mas vou meter-me nesse assunto da sinestesia. É que não conhecia o termo e fui inteirar-me.
Os poetas usam a sinestesia como recurso expressivo, mas a sinestesia, é uma rara condição neurológica que ainda confunde a ciência.
Trata-se da mistura dos sentidos. Associar cheiros a imagens, apalpar as cores, sentir o gosto dos sons. A mim, por exemplo, o cheiro do feijão quando está a cozer na panela, traz-me uma memória olfactiva da qual não guardo imagens, mas sei que quando ainda muito pequenina, tão pequena que não me lembro, ter estado na Creche e quando a minha Mãe perguntava o que é que eu tinha comido, eu dizia. "Chanão". Claro que isto eu soube-o pela minha Mãe quando um dia. já adulta, lhe falei nessa memória, sem imagem, do dito cheiro.
Espero não ser criticada por este comentário testamento...Não por si nem pela poetisa, claro. Por alguém que me disse que devia coibir-me de deixar aí pelos blogues uma má imagem da minha pessoa.
Ó pra mim, toda ralada...)
Janita,
EliminarO seu comentário de hoje também tem encanto com as descrições que faz. Sou capaz de visualizar a cena e os utensílios que descreve na primeira parte. Agradeço o elogio ao texto e à imagem.
Quanto à segunda parte, foi muito útil a precisão que faz dessa particularidade que acontece com algumas pessoas e consequentemente com a descrição que faz das suas recordações.
Não se coiba de ser comentadora nesta sua faceta mais interessante.
Concluindo: hoje passou por aqui um sopro de beleza. Obrigado.
Um abraço.
Oh Luís, muito agradecida pelo bom acolhimento a toda esta verve com que me deixei empolgar por tudo o que hoje foi por si publicado e pelo termo que a Mª João usou, e eu desconhecia.
EliminarObrigada a ambos. Aprender é uma benesse inestimável.
Abraço.
👍
EliminarMuy apropiada la fotografía, para tan buen poema.
ResponderEliminarBesos
También me gustó mucho la foto, gracias por el cumplido a la imagen y al texto. Un abrazo.
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