Um dia descobrimos
Houve um tempo em que julgámos
que tudo era verdade
que tudo era luz
sem horas
nem percebiamos que havia noite
e aos domingos havia sempre sol.
Houve um tempo em que julgámos
que o nosso pai era sábio
que o nosso pai era o mundo todo
que uma palavra sua era maior
que as palavras dos outros.
Espanta-te pela memória dentro!
Houve um dia da primeira dúvida
caiu o inverno mesmo havendo sol
e matei o meu pai
mesmo continuando vivo ao meu colo
como ele ___ descobri
que não somos ilhas
e somos todos filhos
das nossas próprias descobertas.
Embora as minhas descobertas sejam outras, descobri também eu „que não somos ilhas e somos todos filhos das nossas próprias descobertas“
ResponderEliminarA casa branca no cimo da colina namora o céu azul •••
É importante o conhecimento sobre nós próprios.
EliminarA verdade já não é mais importante. Só os sucedâneos
ResponderEliminarEssa é uma fórmula conveniente aos mentirosos, tipo Sócrates, Pinho, Salgado, etc. etc.
EliminarQue maravilha, sermos "todos filhos das nossas descobertas", L.!
ResponderEliminarNo entanto, foi quando entrei no meu pôr-do-sol que realmente consciencializei que tive um pai sábio, pelo menos até determinada altura da sua vida. Depois... adoeceu e passou a ser apenas o que sobrava desse sábio.
Ainda distingo bem os brancos, apesar da opacificação da lente, e essa sua pequenina casa é toda luz...
Forte abraço!
É algo relevante que, por toda a vida, o conceito original sobre o seu pai tenha sido sempre superior, caso raro de grande riqueza, isso também configura uma descoberta.
EliminarSaúde, um abraço.
Espantar-me pela memória dentro, é o que faço mais.
ResponderEliminarSobretudo, em dias de vendaval interior.
Na prática, creio que fui, sou e serei sempre, não uma ilha, mas mais uma casinha pequena, - como a da sua aguarela - situada fora desse contexto generalizado da figura paterna.
Há descobertas que nos fazem sentir mais enteados do que filhos...
Um abraço, Luís.
Bom resto deste dia de sol, que a chuva já vem a caminho.
Quando avançamos no tempo, se tivermos consciência disso, se soubermos meditar, vamos vendo que somos um istmo e que o mar vai desgastando a nossa ligação ao continente, até sermos uma ilha. Descobrimos coisas, sim.
EliminarUm abraço também para si.
Cuando la vida se mira con optimismo, todo parece mejor.
ResponderEliminarBesos
Estoy de acuerdo, pero ser optimista es difícil. Un abrazo.
EliminarPor vezes, raras,
ResponderEliminarsinto ter descoberto isso
assim, como aqui lido
Pensando na memória
me sinto
não ilha mas istmo
ligando o passado
ao futuro
que vou desenhando
Alguns têm a sorte de continuarem istmos, a vida não lhes desgastou a ligação à terra.
EliminarUm poema forte com sentimento que solidarizo porque tocou-me , sobremaneira
ResponderEliminarAs nossas descobertas, nem sempre causam só surpresa,
as vezes, tambem alguma dor.
Parabens,L tens estado numa profusão de belos sentires ,
com poemas muito bonitos.
abraços