Foto do autor do texto
Ouço-te
-Deixa-me contar-te uma coisa
disseste
medi a importância momentânea
da tua entrega e disse
sim!
com um gesto e um sorriso
-Quero deitar-me na soleira da minha casa
quero impedir a entrada
do que resta de mim ___
___ da minha consciência, é que
ouço a minha mãe dizer
vai beijar o teu pai que já chegou
compreendo!
disse eu
-Mas a minha mãe ignora a morte do meu pai
e ela está morta também
Tudo o que não esqueço me aflige
disseste
Limpo a soleira da tua porta
nela faço uma cama emergencial
e digo-te
-hoje durmo contigo!
Ouves
ResponderEliminarnem importa a quem
Ouves
e contas
não importa o quê
Dizes
por gestos
que teus pais partiram
e
te dispões a dormir com alguém
não importa saber quem
O que perturba
é a imagem
de porta e janela
como se fossem grades
vulneráveis
Dizes bem, há uma altura em que já não importa onde, nem o quê, nem com quem.
EliminarUm clima de pesar se instalou aqui.
ResponderEliminarA fotografia é linda e alegre.
Tem dias, ou por outra, tem noites.
EliminarNovo excelente complemento entre foto e texto
ResponderEliminarOs meus agradecimentos.
EliminarBom Dia.
Li e reli, voltei a ler e apreciei a porta e não sei porquê fixei-me na grelha lateral. Com este tempinho que me ocupou a mente e com a sensação de uma certa angústia, fui buscar algo que escreveste no mesmo dia e mês mas em 2021:
ResponderEliminar"Um dia e depois outro
Chegamos ao fim de mais um dia
em que as noites repousam
sobre as nossas inquietações.
Só quem está sozinho sabe
que o som de um estalido
um som do nosso corpo
são alertas onde não há nada
apenas uma pequena luz
para que as sombras
não fiquem na escuridão.
Tenho um pacto com o silêncio
nem eu o acordo
nem ele me assusta.
Durmo com um seixo em cada mão
como um amuleto."
Tens uma sensibilidade grande mas existem coisas do passado por resolver num denominador comum em muita coisa que escreves.
PS: Sempre que entro num blogue começo a ler desde o início e vou anotando num caderno o que me tocou mais. Se gostar fico e só depois é que começo a comentar. É o caso!
Primeiro quero agradecer essa atenção tão cuidada às minhas publicações e também os comentários tão plenos de profundidade.
EliminarÉ curiosa essa coincidência entre esses dois textos, estou certo de que muitos mais afloram esse tema. Sim, estou de acordo que há coisas do passado que continuam latentes, as principais consigo perceber em mim próprio (acho que acontece com todos nós) quais são, aliás, depois de dois anos a publicar aqui os meus textos, acho que aos poucos me fui revelando, embora a ficção também tenha aqui a sua dose, muitas vezes para se dizerem coisas que não se podem assumir claramente.
Agradeço este diálogo diário que, no fundo, vai alimentando este espaço.
Um abraço.
Claro que todos e todas que escrevem o escrevem põem sempre uma dose de ficção o que entendo e respeito e nunca em tempo algum faço perguntas da vida particular de quem aqui visito e nem sequer o nome e o teu será sempre o título deste teu espaço:)
EliminarJá o meu era como o meu pai me chamava porque mal nascíamos ele dava uma alcunha:))))
Fica bem e xiiiii nem dei pelo tempo passar vou fazer o almoço! Como se diz na minha terra:
Inté
👍
EliminarTanto a fotografia de hoje quanto a de ontem, me lembram o enclausuramento, do corpo ou da alma.
ResponderEliminarTalvez da própria consciência, até. E vá lá saber-se o porquê, sinto em si um grande sofrimento.
Algo que não sei explicar e me faz sentir perto daqui, do seu espaço.
Se há alguém que não merece viver nessa clausura impiedosa, é o autor deste espaço.
Deixo o meu abraço sincero.
Todos nós estamos encarcerados, ou no nosso corpo, ou no nosso tempo, ou no nosso espaço, ou na nossa insatisfação mas por vezes não damos conta disso.
EliminarNo entanto esvoaço espiritualmente e encontro outras aves por aqui.
Obrigado, um abraço.
E se voar mais longe, poderá até encontrar aves de rapina.
EliminarNos céus, não voam só Anjos e pombas brancas...
Ah, L., tudo o que não esqueço, tudo MESMO, é, mais tarde ou mais cedo, reciclado e usado como matéria-prima para os meus poemas...
ResponderEliminarMas deveria estar a falar dessa sua magnífica porta, dos seus ouvidos prontos a escutarem seja quem for, das suas mãos atarefadas que estendem uma cama "emergencial" na soleira da porta das angústias de alguém...
Forte abraço!
Estou muito atento aos outros, ao mundo e ao seu fervilhar e a mim também, na medida em que somos juízes em causa própria.
EliminarObrigado
Um abraço
Faço minhas as palavras da Maria João.
EliminarNão me canso de olhar para a porta que é linda de morrer.
Altruísta é o poeta que faz uma cama de emergência na soleira limpa da porta … cuidado com as aves de rapina 🦅
Nada quebrará a disposição do autor em esvoaçar por entre as aves que aqui passam entre as brancas nuvens negras, não vislumbro aves atacantes que toldem o clima poético que por aqui vai.
EliminarCheguei agora a casa 🏡 divertida e leve e apeteceu-me brincar 🦩
Eliminar👍
EliminarMe sigue gustando, que pongas fotos de tu autoría.
ResponderEliminarBesos
Siempre que tengo algunos adecuados los publico. Gracias por la referencia. Un abrazo.
EliminarUm poema que ilustra a dor que a alma encerra, e que a mente se manifesta, de uma forma veemente e dolorosa.
ResponderEliminarMuito Obrigado, pela visita e gentil comentário no meu cantinho.
Continuação de boa semana.
Abraço.
Mário Margaride
http://poesiaaquiesta.blogspot.com
Obrigado pela gentileza da visita. Voltarei ao seu espaço
EliminarUm abraço.
MAGNÍFICO, poema e foto!
ResponderEliminarDeixemos voar o pensamento, enquanto podemos.
Beijo.
É o que ainda está ao nosso alcance.
EliminarUm abraço.
Maravilhas poema e imagem. O poema tocou-me a alma de forma especial. Tão lindo.
ResponderEliminarBeijo carinhoso
Um grande obrigado.
EliminarUm abraço.
Adorei. Lindíssimo.
ResponderEliminarBeijinhos
A foto em sintonia com o poema.
ResponderEliminarsurrealismo puro, mas acabou tão bem.
gostei bastante.
:)
Ainda bem que gostou.
EliminarUm abraço.