Falta música 

Já não há músicos nas ruas

só trovões 

Já ninguém inventa poemas

só gritos 

monta-se um inferno

como se fosse um cenário 

num palco de enormes subversões


fogem como nos sonhos

na angústia de ficar no mesmo sítio 

nos olhos a profundidade

de poços escuros

e choram em silêncio 

com os braços cheios de crianças 


Já não há músicos nas ruas

já ninguém inventa poemas

só trovões 

só gritos.



 

19 comentários:

  1. Olhei para o telhado amarelo da casa e o sol regressou às ruas sem música.

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  2. Chiu
    escuta
    sente
    após este silêncio
    não tarda
    a ausência
    do grito
    não tarda
    o hino
    nem importa
    se Beethoven
    se Lopes Graça

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  3. Como meros peões deste xadrez assistimos impotentes ao " monta-se um inferno, como se fosse um cenário ,num palco de enormes subversões" e "choro em silêncio com os braços cheios de crianças".
    O "homem com cara de cera" fez o mesmo noutros locais como a Síria na defesa de outro "pulha" onde um povo foi varrido e corrido!
    Oxalá que isto termine rápido e que o tipo seja corrido pelo seu povo, sim a guerra é com ele e brinca com os seus brinquedos bélicos e que expluda para que a música e os poemas voltem numa palavra PAZ!
    Abraços e um bom dia


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    1. Nestas guerras ninguém é inocente mas quem paga e quem morre são os povos, estas tragédias são desencadeadas por razões que nada têm a ver com os interesses dos povos. Nem sempre os actores principais são os que estão a matar-se no terreno.
      Obrigado. Bom dia, um abraço.

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  4. Li várias vezes o Poema, a última em voz alta, em tom declamado.
    Parecendo um paradoxo o que lhe vou dizer, este sim, é o Poema que me soou a um verdadeiro Poema.
    Pela sua construção, cadência e conteúdo.
    O tal que desde há dezasseis dias, esperava ler aqui. De tal forma me tocou e as suas palavras me fizeram bem que, mesmo neste cenário de desolação e dor, que tão bem e tão sentidamente retratou, não havendo música...o Poema foi música para o meu coração.

    Espero que entenda o que quis dizer, Luís.
    Um abraço.

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    1. Compreendi a ideia que aqui deixou, sei que hoje fui mais concreto mas já antes tinha dado nota do mesmo tema. Foi bom ter-lhe agradado, acho que voltarei ao tema.
      Obrigado, um abraço.

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  5. Soberbo poema, na descrição do indescritível, L.

    Um forte abraço!

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    1. Impossível que o assunto não invada as nossas ideias.
      Obrigado.
      Um abraço.

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  6. Um poema emocionante. Todas as guerras são más e injustas. Todas as guerras são feitas por um punhado de homens com interesses vários. Uns pela ânsia do poder, outros por ódio, alguns para dar vazão a um sentimento de superioridade em relação aos seus vizinhos, outros pelo sonho de reconstruir grandes impérios, e muitos, muitos, porque não têm escrúpulos e as suas fortunas são feitas à custa da construção de armas cada vez mais poderosas. Eles as fazem, e tanto lhes dá a quem as vendem, porque eles vivem disso. E quando as guerras surgem, não é nenhum desses grupos homens, que sofre, mas o povo, que vê morrer seus filhos em guerras que não queriam nem entendem, morrendo eles também das bombas, da fome, sede e medo.
    Lutemos nós pela Paz, seja com a força das palavras num poema, ou numa prece.
    Abraço e saúde

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    1. No seu comentário caracteriza muito bem as razões das guerras. O povo morre e fica sem os seus já parcos bens.
      A Paz é o único caminho que deveremos defender, não a favor de quem mas contra todos os que fazem ou provocam as guerras.
      Saúde, um abraço.

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  7. Poema triste mas tão cheio de realidade!

    Bom fim de semana. Beijinhos

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  8. neste caos em que o mundo está transformado

    a música nunca deve deixar de existir...

    :(

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  9. Poema-retrato silencioso duma cruel realidade.
    Magnífico, Luis!
    Beijo.

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