As palavras do delírio 


Farei hoje a colheita

das palavras que passeiam

pelos ínvios caminhos 

que um poeta me revelou ___

pego no seu livro

folha a folha

palavra a palavra

guardo-as no bolso do albornoz

para antitóxico contra a maledicência 

de leitores conservadores

que se encontram a cada esquina

da ignorância. 

Obrigado poeta maldito

levo os bolsos cheios de espigas

com que farei o pão do delírio.




 

26 comentários:

  1. Teresa Palmira Hoffbauer19 de agosto de 2022 às 00:18

    Os poetas malditos agradecem o poema desta noite.
    Os homens que sabem a mar comem o pão do delírio.

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  2. Teresa Palmira Hoffbauer19 de agosto de 2022 às 01:27

    Pensava que O Homem Que Sabia a Mar de Armando Silva Carvalho era um livro de poesia, afinal é um romance.

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    1. Um romance pleno de momentos poéticos.

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    2. Teresa Palmira Hoffbauer19 de agosto de 2022 às 13:41

      Continuar a amar a mulher que morreu no mar 🌊 e ficar com a boca a saber a sal …
      Já pedi às minhas visitas portuenses vêm em setembro para me trazerem a obra literária desse poeta que conheci aqui.

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    3. Está publicado um livro com quase toda a sua obra "O QUE FOI PASSADO A LIMPO".

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    4. Teresa Palmira Hoffbauer19 de agosto de 2022 às 20:16

      „Poeta maior da nossa língua, viveu e amou como um poeta, criando despojado de qualquer áurea mostrando que a poesia é real e está nos nossos dias.“

      Agradeço a informação, Luís, espero que esteja “O HOMEM QUE SABIA A MAR” incluído.

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    5. Não sei se estará, penso que o livro apenas contém a obra poética.

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  3. Os invios caminhos
    Abençoada lingua portuguesa, que nos sutpreende sempre

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  4. Permita que o felicite pela excelente homenagem que presta a um grande e multifacetado senhor das Artes Literárias, através de um poema especial e belíssimo. Algo me diz que a vossa amizade nasceu no 'campo' da técnica publicitária.

    Com um pedido de desculpas, pela minha ousadia, deixo algo que dá a conhecer um pouco mais deste poeta/escritor, tão pouco conhecido do grande publico.

    "Poeta, ficcionista e tradutor, licenciado em Direito, pela Universidade de Lisboa, depois de uma passagem fortuita por Filosofia, Armando Silva Carvalho exerceu advocacia durante um curto período. Depois foi jornalista, professor do ensino secundário e técnico de publicidade.

    A mordacidade, o sarcasmo e a figuração das pulsões sexuais, são timbre de uma escrita - poética e ficcional - frequentemente apostada na denúncia dos vários interditos e das hipocrisias sociais e políticas.

    Desde que António Ramos Rosa o incluiu na 4ª série das Líricas Portuguesas (1969), chamando a atenção para o facto de a sua poesia ser "essencialmente antilírica e refractária a todas as formas de expressão subjectiva", Armando Silva Carvalho tem estado representado na generalidade das antologias de poesia portuguesa. Entre as suas traduções mais relevantes, devem citar-se obras de Beckett, Duras, Cesaire, Voznesensky, Genet, E. E. Cummings, Aleixandre. Até Alexandre Bissexto (1983) assinou Armando da Silva Carvalho."

    De salientar que a personalidade em questão, faleceu em 2017.
    Obrigada e, por favor, desculpe esta intromissão. Fica ao seu critério, Luís, manter ou ocultar este comentário algo invasivo.

    Um abraço


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    1. O seu comentário é oportuno, fez-me relembrar com saudade a longa amizade com o grande poeta, até aos dias da sua morte, num sofrimento físico e psíquico que acompanhei muito de perto por estarmos em espaços próximos.
      Não é feita justiça à grandeza deste poeta de quem Ruy Belo (um dos maiores) disse num seu poema "... antes do vale do medo e do olho marinho onde sei com carinho que nasceu armando da silva carvalho poeta vivo e poeta que não valho...". Estranho país e estranhos alguns dos nossos líderes em todas as actividades, que nunca foram capazes de um artigo num jornal de cultura ou um documentário num canal de cultura sobre o poeta, talvez incómodo, ou talvez por isso mesmo.
      Foi, de facto, na publicidade que trabalhamos juntos e ficamos amigos.
      Agradeço muito o seu comentário, o Armando é dos amigos que mais considero e de quem tenho mais saudades. Curiosamente nunca soube dos meus escritos.
      Um abraço.

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  5. Bom dia, L.!

    Ainda que a minha Musa tenha voado para bem longe depois de eu ter começado a tomar os novos medicamentos anti-álgicos que me foram receitados na consulta de Reumatologia, estou a ver se consigo visitar as novas publicações dos bloggers amigos.
    Chego, pelo que vejo, num belo momento de homenagem a um poeta "maldito" cuja obra infelizmente não conheço.
    Fê-lo com um belíssimo poema, sem dúvida!

    Forte abraço!

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    1. O Armando é uma inspiração. Nunca homenageado na sua morte como se fez com outros artistas que partiram. Um inegável grande poeta, premiado até ao último ano da sua vida, mas falado apenas nos círculos restritos da literatura. Uma injustiça.
      Saúde, as melhoras.
      Um abraço.

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  6. Um belo poema para homenagear um poeta de quem infelizmente nunca li nada.
    Eu estou voltando aos poucos, meia hora de três em três horas. Vamos ver se desta vez o tratamento resulta e a visão melhora substancialmente.
    Abraço, saúde e bom fim de semana

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    1. Folgo em saber que está de volta. O texto de hoje é sobre um poeta por quem tenho grande admiração, como artista e como pessoa.
      Desejo-lhe as melhoras. Um abraço.

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  7. Uma bela homenagem ,L
    É um privilégio estar e ser amigo de um poeta e aprender mais da arte da escrita,
    os bons sempre se encontram.
    Um bom final de semana, e meu abraço

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  8. Uma magnifica homenagem a Armando Silva Carvalho do qual li dois livros mas agora não me recordo dos títulos. E a tua foto mostra a cumplicidade e ou companheirismo que tiveste com ele.
    Armando Silva Carvalho

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  9. Comentário de Piedade Araújo Sol recebido por mail :

    Eu gosto da poesia dele, pelo menos a que li até agora.

    A chave Inglesa

    Era um corpo inteiramente
    português.
    Transido de ternura
    o óleo das suas mãos
    protegia-me
    o coração.
    Não sei que mecanismo
    despertava em si
    quando chorava,
    fazia crescer a relva,
    meus dentes indecisos
    como crias
    corriam e devoravam.

    Escreveu-me duas cartas
    em cima de um tractor
    e nelas descrevia
    em frases simples
    o modo tortuoso
    que me fez traidor.

    Autor : Armando Silva Carvalho

    ;)

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  10. Eu não o conhecia. Por tudo que li aqui, sua colheita de palavras ficou encantadora, e com nobre objetivo. Abraço.

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  11. Luis, no próximo dia 28 a pétala é do poeta. Colhi-a na net.
    Bjs.

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    1. Corrijo a data: 3 de Setembro.
      A idade faz destas coisas...
      Bjs.

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