Foto de Daniel Filipe Rodrigues



 
Alguém disse o meu nome? 

Um banco de jardim
é o lugar certo
para desdobrar as horas ___
___ ali se comem as palavras
os olhares são como arados
a desbravar a imagem
de um e de outro que passa
e onde nunca será 
lançada a semente

Infértil e desajustado pensamento
que mói os dias
uns atrás dos outros
naquela tristeza silenciosa
de que já tinha ouvido falar ___
_____________________________
___ até uma ave no seu canto
parece ter dito o meu nome.



 

20 comentários:

  1. Comentário de Fatyly recebido por mail:

    Estar sentado num banco de jardim é tudo o que dizes que resumo numa palavra: libertação onde a mente funciona melhor do que fechados em casa ou em pensamentos negativos. Gosto muito sobretudo de observar quem passa e por vezes sorrio a quem me cumprimenta. Esse banco de jardim é lindo e não está vandalizado o que em muitos daqui acontece e fico tão triste.
    Beijos e um bom domingo

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    1. Mau é quando o banco de jardim é o último lugar da fuga à solidão e que ainda assim não acaba com ela, antes a aprofunda.
      Um abraço.

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  2. Belíssimo poema, L.!

    Curiosamente, foi na minha infância que mais me sentei a meditar em bancos de jardins vários...
    Agora que o meu único percurso a pé não tem mais de 50 metros, só me sento quando o coração me dá sinais de estar a sentir-se mal, no regresso do café. Ficam os 50 metros repartidos em 40+10, o que já me aconteceu mais do que uma vez apesar de me parecer ridícula a verdade do que estou a escrever/dizer.

    Mas, sim, "mau é quando o banco de jardim é o último lugar de fuga à solidão" .

    Forte abraço!

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    1. Fazer de um banco de jardim um lugar de interrupção da velocidade da vida é uma possibilidade. Fazer de um banco de jardim um lugar de espera do que não virá é uma infelicidade.
      Um abraço.

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  3. Teresa Palmira Hoffbauer14 de agosto de 2022 às 13:03

    A perspectiva da fotografia é fantástica.
    O POETA descobriu uma ave no velho tronco do carvalho a chamar pelo seu nome.
    Poesia ou ficção?!
    Palavras ao encontro do corpo jovem e fresco da rapariga que passa …

    Em relação ao pequeno jardim da cidade e da solidão.
    Tive essa experiência no jardim do Marquês do Pombal — bancos com pessoas tristes e solitárias.
    Ainda tinham boas pernas, porque não dar uma caminhada para espairecer 🌳

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    1. Ouvir uma a ave a dizer o nosso nome é o mesmo que dizer que o gato ou o cão que temos em casa já fala connosco. A solidão confunde os sentidos.

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    2. Teresa Palmira Hoffbauer

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    3. Ouvir uma ave pronunciar o meu nome é um acto poético.
      Acredito que a solidão confunda os sentidos aos mais desprevenidos.
      Estamos no verão, não no outono, quando cantam os grilos.

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    4. Felizes os que ouvem cantar os grilos, no sossego campestre.

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    5. No sossego urbano do meu jardim 🦗

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    6. Também tenho um com a mesma classificação... mas não há sossego por causa dos grilos humanos.

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  4. Comentário de VENTANA DE FOTO que recebi por mail :

    Es un lugar muy adecuado y que se presta mucho para las confidencias.
    Besos.

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  5. Apenas um banco e muitos e muitos pensamentos. Lugar para repouso e para quem não tem outro para se instalar. Lugar de observação e também de solidão. Abraço.

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  6. Um banco de jardim pode ser o mais leal dos amigos. A um já confidenciei tristezas e alegrias... ele não se queixava e eu voltava.
    Beijo.
    (Lindas fotos do Daniel Filipe.)


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    1. Um banco de jardim como lugar de culto... na ausência de melhor.
      Um abraço.

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  7. caro Poeta/Pintor

    a foto do Daniel Filipe Filipe está muito boa, pois é original, e é por só aparecer essa parte do banco e não o banco todo.
    o seu poema é belo e acho que todos nós alguma vez achamos que alguem chama o nosso nome, e não é real.
    eu costumo dizer que os bancos de jardins são guardadores de segredos, e acho que tenho razão.
    boa tarde
    ;)

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    1. Também apreciei a forma como foi fotografado o banco de jardim.
      Os bancos de jardim, lugares de recato.
      Um abraço.

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