Foto de Daniel Filipe Rodrigues




 
 
O resultado

Sou o resultado de um longínquo acto
cuja justificação desconheço 
se houve amor 
ternura 
prazer 
ou apenas um acaso 

Quem? 
requereu esse momento fecundo ___
___ com que palavras? 
e depois com que receios ou alegrias? 
na possibilidade de um nome 
com voz e memória ___ com passos 
na preparação para o fim do mundo 

Sou o resultado de uma boca escancarada 
e de gotas de suor 
no embalo de uns quantos murmúrios 
num acto sem ponderação 
E eis o humilhante resultado 
fui surpreendido a lavar a dentadura 
numa casa de banho pública.




 

22 comentários:

  1. Eu acredito sim, que foi um acto de amor … o resultado é inspirador.
    Inspiradora é também a fotografia.

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    1. O resultado é uma pequena humilhação, isto é o que está no texto, não me parece inspirador.

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    2. Temos que acreditar no que está no texto?!
      POESIA é ficção.

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    3. Ainda assim, mesmo como metáfora, o final é preocupante.

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    4. A anónima das margens do Reno continua a opiniar sobre o poema.
      Eu sou um resultado que se pode ver, portanto sou um acto de amor.
      Evitei ver a minha mãe de boca escancarada. Pronto, vi-me a mim.
      Um poema que provoca desassossego.

      Já agora gostava de saber onde se encontra o “horrendo boneco“ cuja boca escancarada tem uma outra dimensão. Ele sim, solta um grito de dor, de humilhação ao aperceber-se da verdade || mentira do mundo.

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    5. Vou tentar saber onde se encontra a escultura.

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    6. Teresa Palmira Hoffbauer21 de agosto de 2022 às 13:27

      Vi uma escultura idêntica numa exposição de um museu em Bonn, portanto,
      também gostaria de saber o nome do artista.
      A amiga virtual mais chata do mundo 🌍 deseja-lhe um domingo em beleza.

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    7. A escultura de que não sabemos o nome do artista é em Copenhaga um Parque com o nome Rodovre.

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    8. https://lepetitjournal.com/copenhague/chasse-aux-geants-thomas-dambo-copenhague-283273

      https://entretanto.pt/fotografia/artista-thomas-dambo-cria-esculturas-gigantes-de-madeira-reciclada-escondidas-nos-espacos-verdes-de-copenhague/

      ________________________________________________________

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    9. Teresa Palmira Hoffbauer21 de agosto de 2022 às 20:07

      Entretanto, descobri que o Luís adormecido é uma escultura reciclada que Thomas Dambo fez como parte do projeto maior “Forgotten Giants”. De qualquer maneira agradeço e peço desculpa pela minha impertinência.

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  2. O "resultado" deste teu poema mesmo com metáforas é tão negro que espelha a angústia de viver envolto em teias de aranha:) que é obra. O horrendo boneco é o espelho das tuas palavras. Desculpa amigo!
    Beijocas e um bom domingo

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    1. Há "teias de aranha" em todos nós, só que alguns de nós não pensam nisso.
      Um abraço.

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  3. Curiosamente, não partilho da mesma opinião dos comentadores anteriores.
    Considero o poema um acto de reflexão. Nada amargo nem desencantado.
    É um olhar para o que aconteceu no passado e que até hoje ainda não encontrou explicação e, por isso, se interroga.
    Quem o não fez já? Pois eu, ia muito entusiasmada na leitura, pensando encontrar uma conlusão por parte do autor, eis senão, quando surge um daqueles seus inesperados e divertidos finais...Obviamente, que não pude evitar um largo sorriso.

    Obrigada Poeta; realista, introspectivo, sensual q,b. quando o poema o exige e tudo o mais que, diariamente, nos surpreende e cativa.
    ( Com isto não quero dizer que tenhamos tido sempre o mesmo ponto de vista acerca de tudo, se bem que, ultimamente, algo tenha mudado. Nem eu sei bem o quê. Talvez eu tenha aprendido a formular a minha opinião sem magoar. Será isso? )

    Um abraço e bom domingo.

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    1. Registo com agrado o teor do seu comentário, a compreensão que mostra desta incógnita que originou a nossa vinda ao mundo e o resultado final da nossa "obra".
      Confesso que me agrada mais esta sua fórmula mais compreensiva e amigável de comentar, aceitando que somos pessoas todas diferentes, cuja diferença até nos pode enriquecer e fazer meditar sobre os pontos de vista do outro.
      Bom domingo, um abraço.

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  4. Curiosíssimo poema que casa à maravilha com a estranha estátua fotografada!

    A pequena humilhação final não é quase nada para quem tem de se mostrar em público quase sem dentes, mas o contraste com o resto do poema concede-lhe um final apoteótico. E concedeu-me, a mim, um rasgado sorriso...

    Obrigada e um forte abraço, L.

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    1. Efeito conseguido, o sorriso do fim é um prémio para o autor.
      Um abraço.

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  5. Comentário de VENTANA DE FOTO que recebi por mail :
    Vamos a ver la Vida de forma positiva y pensar que fue un acto de amor. Aunque se escuchán más las noticias negativas. Hay muchas personas que creen todavía en el amor.
    Feliz domingo. Besos.

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  6. pode ter sido amor momentâneo.
    deve ter sido!.
    a humilhação final ninguém viu...não tem grande importância.
    a foto é algo que não me agradou
    :)

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