Foto de Daniel Filipe Rodrigues
A cidade é grande
A cidade
onde há paredes com portas
mas nem todas abrem para a vida
onde há gente sem roupa
a fazer da nudez moda
onde muitos fingem que comem
em pratos mal cheios
onde se engolem charutos incandescentes
e se beija à socapa
onde os coxos passam despercebidos
porque não precisam de correr
onde os que se riem são perseguidos
pelo homem sombra
onde os larápios se confundem
com os honestos ___ sem esforço.
A cidade já não cabe na minha janela.
Numa janela linda de morrer como a da fotografia cabe lá o mundo.
ResponderEliminarO contraste da cor intensa da parede com o branco da janela e das cortinas é surpreendente.
A cidade é grande como é grande a mensagem do POEMA.
A cidade a olhar a nossa janela.
EliminarLi e reli e pensei nas mil coisas negativas que se escondem atrás de uma janela...solidão, fome, quem usa como teto(em casas devolutas) etc, etc. e alguns presos em cadeiras de rodas.
ResponderEliminarIsto levou-me a um casal que morou aqui bem perto num R/C. Sempre que ia o pão o senhor pedia-me para lhe comprar o jornal e um maço de tabaco, mas não diga à minha mulher que eu fumo. Fazia o que me pedia, batia na janela e ele agradecia tanto. Só que não sabia que a mulher ia à porta do prédio e pagava-me o maço de tabaco porque ele dava-me o dinheiro do jornal, mas pedia para não lhe dizer nada. Ironicamente ou não o senhor morreu e ela passado três meses. A Janela deles era idêntica a da foto. Desculpa mas o teu poema fez-me recuar a lembranças que não esqueço.
Beijos e um bom dia
Nós olhamos para a cidade mas a cidade não olha para nós.
EliminarA história que contaste seria bonita pela sua ingenuidade não fossem as razões tristes que acabam por diminuir algumas pessoas com o decorrer da idade.
Um abraço.
Versi eccellenti e profondi i tuoi, che ho sinceramente apprezzati. Complimenti.
ResponderEliminarIl tuo commento è molto bello, a qualsiasi autore piace compiacere i suoi lettori. Un abbraccio.
Eliminare a janela já não cabe na cidade.
ResponderEliminarcada maior a cidade, e cada vez a solidão e a indiferença também.
gosto do poema e da foto.
bom fim-de-semana.
:)
Cada vez mais separados na ilusão de que estamos juntos.
EliminarUm abraço.
Tão bela é a fotografia da janela quão belo é o poema/cidade - de vivos e para os vivos, esta.
ResponderEliminarNo entanto, quando escrevia em sintonia com a Musa, tinha , por vezes, a sensação de que era a minha janela que já não cabia na cidade. Depois "acordava" e reparava que a cidade era enorme, cada vez maior e cada vez mais cheia da ausência das minhas pegadas.
Forte abraço, L.!
As cidades já não estão à nossa dimensão ou nós já não estamos à dimensão delas... é mais segunda hipótese.
EliminarUm abraço.
Comentário de Marlene recebido por mail:
ResponderEliminarNão conseguimos viver sem essa visão, ainda que as janelas permaneçam fechadas. Ela está arraigada em nossos corações, diante do que as cidades mostram. Abraço.
A nossa visão sobre a cidade não consegue ver as partes ocultas.
EliminarUm abraço.
A janela é linda. O poema, continua a mostrar o momento atual em a humanidade se encontra num ponto de viragem do qual não sabemos se há volta.
ResponderEliminarAbraço, saúde e bom domingo.
O nosso futuro é uma incógnita, agora mais do que nunca desde o tempo em que nascemos.
EliminarUm abraço.