Conheço-te de vista
Algo me diz
que não te posso descrever
como se fosses humano
Tens os olhos muito juntos
o crânio chato
a testa alta
em tudo se assemelhando
às figuras da Ilha da Páscoa ___
___ sem mistério
A tua voz arrastada
de língua difícil
como se fosses de um país
estranho ___ inexistente
assusta as crianças
que te olham à distância
Algo me diz
que não te posso descrever
como se fosses humano
mas suspeito que te conheço
há duzentos mil anos
moras na caverna moderna
ao lado da minha
mas evito cruzar-me contigo.
Desconfio que se refere a um vizinho que esteve ausente durante uns tempos.
ResponderEliminarTrocando em miúdos, esse tipo que assusta as crianças (eu diria, que as criancinhas é que o assustam) é da família dos primatas, possivelmente um „australopithecus afarensis“ — de grande interesse no campo da ciência.
A seta amarela parece uma porta que se abre para entrarmos ou na caverna do poeta ou na do insólito vizinho.
Este, o do texto, é apenas pithecus.
EliminarA imagem simboliza as modernas cavernas.
Feliz de mim
ResponderEliminarNão conhecer alguém assim
Nem de vista
Nem vizinha
Felizes os que vivem rodeados de gente civilizada.
EliminarPoema intenso e profundo... chegando tão longe, tão longe, que eu nem consigo descrever o que está na sua profundidade.
ResponderEliminarUm domingo feliz
Um comentário substancial, que agradeço.
EliminarBom domingo também para si.
Valeu-me a argúcia da Teresa, ou teria tomado este estranho antepassado por um qualquer "outro que não eu" ou, simplesmente, "outro que não o que escreve" ou ainda "outro que pensa de forma diferente da do que escreve"...
ResponderEliminarGosto muito da luminosidade da moderna caverna.
Há duzentos mil anos, tal como agora, feliz seria/será quem conseguisse/conseguir ter uma caverna e mantê-la quentinha e iluminada no Inverno.
Forte abraço, L.
O pithecus não é nenhum de nós. São, isso sim, alguns que vivem paredes meias connosco, iguais aos antepassados de há duzentos mil anos.
EliminarUm abraço.
A imbecilidade do verdadeiro Pithecus actual, foi criada para vendar os olhos aos que se julgam sábios, só com um olho, em terra de cegos....
EliminarTenho pithecus próximo da minha caverna, assam sardinhas por baixo do meu estendal, não pagam o condomínio, entopem as canalizações, estacionam em cima dos passeios, não fecham as portas e portões do prédio, fazem sons "estranhos" durante a noite, ouvem música "pimba" em alto volume, no saguão.
EliminarA referência a um olho só, não tem aqui cabimento, será talvez a sua experiência pessoal.
Já que fala em "saguão" é tempo de dizer , "quando o urubu está com azar até o de baixo mija para o de cima."
EliminarAssar sardinhas e o fumo descer, em lugar de subir ou ser levado pelo vento? Não será o pithecus do rés-do-chão que assa as sardinhas?
Os poemas não se explicam...porque quanto mais se explicam, menos parecem poesia.
Mais parecem cuscovilhices de mulheres de "soalheiro".
intenso, mas interessante!:))
ResponderEliminar-
Beleza que exalas...
.
Beijos e um excelente Domingo.
Interessará, talvez, a quem conhece esta experiência.
EliminarBom domingo. Um abraço.
Nem é necessário conhecer o rosto porque os atos já definem esses desrespeitosos e inconveniente vizinhos. Abraço.
ResponderEliminar(inconvenientes rs)
ResponderEliminarÉ exactamente isso, o desrespeito pelos outros.
EliminarObrigado.
Um abraço