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A tua velha casa


Imagino a tristeza que vai na tua casa 

parei por acaso à tua porta

e vi a desolação 

o que os vidros partidos dizem 

o que os vasos com plantas velhas 

pedem a quem passa 

a cor envelhecida da porta azul

as portadas das janelas todas fechadas 

vedam a entrada do olhar dos dias 

umas tiras de luz mortiça no lugar 

onde me recordo que era a sala 

dão um sinal de vida quase apagada 

Imagino a tristeza que vai na tua casa 

ainda por aí deve ecoar a minha voz 

dizendo o teu nome 

quando deixavas cair a cara sobre o peito 

até ficares sem nome ___ sem voz 

Está tudo em silêncio 

apenas ouço o latido do teu cão 

na sombra da tua casa.




 


16 comentários:

  1. Ó que fado - ó que tristeza
    isto anda de mal a pior
    cidades onde ninguém mora
    casas velhas abandonadas
    silêncio, chama silêncio
    a sombra afugenta as gentes...

    ...não se arranja nada melhor?

    "Mostra-me o teu lado feliz
    A luz do teu rosto quando sorris
    Faz-me crer que tudo em ti é risonho
    Como se viesses do fundo de um sonho…"

    .

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  2. Sem falar nos sem abrigo, metade da população mundial
    vive em casa parecida ou mesmo igual

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    1. Uma situação reprovável num país da União Europeia, como aliás reprovável em todo o mundo.

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  3. Fala-nos de uma casa e o que vejo é uma pessoa, se dou ouvidos àquela parte de mim que me lembra que é necessário não desprezar as palavras "que fazem arrepiar a pele". Olho de novo e vejo milhares e milhares de casas degradadas, cheias de frestas pelas quais entram rajadas de vento gelado e que o velho Inverno trata de ocupar sem bater à porta nem pedir autorização...

    O poema é lindíssimo e , estranhamente, a fotografia também o é.
    Tenho a vaga sensação de conhecer essa casa. É uma memória visual muito, muito remota no tempo que me traz essa casa ainda composta e recentemente pintada, com crianças a brincarem no pátio e com um jardim onde encontrei uma ninhada de gatinhos que andei a distribuir de porta em porta...

    Forte abraço, L.!

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    1. Uma casa pode, de facto, ser uma metáfora, a possivel riqueza de um texto poético está na interpretação que cada leitor lhe dá e, no seu caso, as suas interpretações são valores para estas publicações.

      Quem sabe se já esteve nesta casa? Posso dizer-lhe que é próximo do Bombarral. Diz-lhe alguma coisa?

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    2. Sim, fala-me de um amigo que já não está entre nós e que viveu muito tempo no Bombarral. Mas eu não sei se alguma vez lá estive porque não me recordo de todas as localidades que visitei com os meus pais e avós quando era pequenina...

      Obrigada, L. !

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  4. Boa tarde
    Adorei o poema, embora o tema seja triste .
    A foto está muito boa.
    Tenho um fascínio por casas e locais abandonados.
    Esta casa por mais que tente lembrar-me não consigo, mas parece que a conheço.
    Boa semana.
    :)

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    1. É uma casa abandonada, sim. Talvez tenha um aspecto comum das antigas casas das famílias ricas das aldeias.
      Um abraço.

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  5. Uma casa abandonada pode ser uma fonte de inspiração e não de tristeza.
    Gostei muito da fotografia e do poema.

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  6. Nem sempre, depende.
    Se esta noite eu ficar triste com a derrota da ALEMANHA contra a Espanha … não é nada inspiradora.

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    1. Teresa Palmira Hoffbauer27 de novembro de 2022 às 19:49

      Perdão!!!
      Esqueci-me que o futebol provoca grau de alienação ao Luís!!!

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    2. O que provoca alienação não é o jogo propriamente dito, que gosto de ver.
      Nada a desculpar.

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  7. Pelo aspecto a casa está faz um tempinho, abandonada.
    E com certeza abandono lembra descaso ou outras causas.
    Bonita foto e poema que recorda quantos bons momentos podem ter vivido aí.
    Boa inspiração L Gostei muito !
    abraço de boa semana

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    1. Foi uma casa rica e importante na aldeia.
      Bom fim de semana.
      Um abraço.

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