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Carta à minha Saudade


Sou do tempo em que

todos os automóveis 

eram pretos

Sou do tempo em que

só os adultos

lavavam os dentes

Sou do tempo em que 

não nascer já depois de existirmos 

era uma opção proibida 

Tanto tempo depois

dou comigo a ter saudades

dos domingos cansados

de outrora


Desculpa

há muito tempo que não te escrevo

Saudade

ando perdido pelo meio

dos meus escritos

de dúvida em dúvida concluindo 

     que há mãos 

     a quem não pode ser confiado

     um segredo ou um desejo

tal a falta de firmeza na escuta

e a utilização que lhes dão 

Desculpa

Há muito tempo que não te escrevo

Saudade ___ mas agora digo-te

     És bela quando me comoves.




 Burt Bacharach

1928 - 2023





18 comentários:

  1. Boa noite. Tão ao seu jeito... nostalgicamente Belo!
    https://www.youtube.com/watch?v=EcKea-10--E&list=RDQM0yKZvmCmyek&start_radio=1

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  2. A saudade e um ato comovente sem dúvida alguma. Adorei o.poema. Intenso, profundo, tendo como mote a saudade. Muito bonito de ler.
    Feliz fim de semana

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  3. Mais um poema que te indentifica num caminho com sombras (tal como as da foto) e que gostei embora eu não seja tão saudosista.
    Beijocas e um bom fim de semana

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  4. Gostei de ler a „carta aberta“ à saudade.
    Embora a saudade seja um estado de espírito que nos humaniza, temos que olhar em frente.

    Quando a TV alemã anunciou a morte de Bert Bacharach não eu não sabia quem era.
    Curiosamente conhecia as suas músicas || canções.

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    1. A saudade lembra-nos o passado, mas concordo que temos de olhar em frente para que, mais tarde, tenhamos também saudades do que ainda vamos viver.
      Burt Bacharach deixa uma obra impressa nas vozes de grandes figuras da canção.

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    2. O Luís insiste no passado.
      Eu tento viver o presente, mas fujo sempre para o futuro.
      Já planeei as minhas viagens deste ano.

      Conheço as canções de Burt Bacharach de filmes 🎥

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    3. Respeito a sua opção, mas, sem passado não há presente nem futuro. O passado é a formação da nossa essência.

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  5. Las costumbres evolucionan a lo largo de los años, unas para bien y otras para mal.
    Besos.

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    1. Estoy de acuerdo, la vida de ayer los jóvenes no saben. Un abrazo.

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  6. É imperativo sabermos de onde vimos, onde estamos no presente, para que possamos nos situar no que por aí venha no futuro.
    Sou do tempo, em que agora dá saudades, mas naquele tempo achava que não as ia ter.
    Um tempo em que os garotos enquanto garotos usavam calções, por mais frio que fizesse.
    Foi um excelente pedaço aqui lendo e pensando.
    Forte kandando com o desejo de um bom fim de semana.
    (grato pela visita lá na serra)

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    1. Lembro-me bem de andar sempre de calções e de sandálias, com meias quando estava frio.
      Bom fim de semana.
      Um abraço.

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  7. Gostei de ler a sua carta à saudade. Eu tenho poucas coisas no passado de que tenho saudades. Neste momento, limito-me o a viver o presente, desejando que ainda me reste um pouco de futuro onde possa concretizar alguns sonhos que são quase tão velhos como eu.
    Gostei do vídeo de homenagem a Burt Bacharach. quando atingimos uma certa idade, quem cá está vai sofrendo a partida de todos os que amou, ou admirou. O mundo que outrora conhecemos e amamos, vai-se encolhendo drasticamente.
    Abraço e saúde

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    1. Ainda por aqui andaremos durante o tempo suficiente para concretizar alguns desejos.
      É certo sim, que vamos perdendo algumas referências da nossa juventude, digo mesmo, da nossa vida. É a ordem natural das coisas, vamos aproveitando.
      Um abraço.

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  8. Adorei esta carta à saudade, a sua!
    Tenho para aí um poema inacabado que começa assim
    "Tenho saudades de já não sentir saudades"
    Boa semana
    :)

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