Foto do autor do texto tomada do documentário VIDA SELVAGEM 




Que distância 


A distância que vai

entre o bico de um aparo molhado

e o bico de esfera sempre pronto

entre a Cartilha do João de Deus 

e os ensinamentos sem cansaço 

entre o pé descalço 

e os ténis luminosos

entre a bucha com marmelada

e o hambúrguer com mostarda


A distância que vai 

entre os dentes recém-nascidos

e os dentes na gruta da memória 

onde havia choro era alegria

onde há riso há sofrimento

insulto a vida

e depois reconcilio-me com ela.




 

21 comentários:

  1. Sinceramente não atingi o objectivo/ideia deste poema o que desde já te peço desculpa.
    Beijos e um bom dia

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    1. Não há nada para desculpar. Agradeço a visita e a sinceridade.
      Um abraço.

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  2. A vida nem sempre é feita de coerências, pelo menos à primeira vista....
    Gostei de ler, magnífico poema.
    Continuação de boa semana.
    Abraço.

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    1. A coerência ou a falta dela, entre o passado e o presente.
      Um abraço.

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  3. " R y k @ r d o " deixou um novo comentário na mensagem "":

    Muito intelectual pelo que não o consigo comentar.
    Cumprimentos poéticos

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  4. Miradas desde mi lente deixou um novo comentário na mensagem "":

    La distancia, puede ser inalcanzable, pero ahora hay muchos medios para tratar de alcanzarla.
    Besos.

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    1. El progreso tiene, en ciertos casos, una cara positiva y otra negativa. Un abrazo.

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  5. Excelente poema, L.!

    Entendo que até na segunda parte do poema, a que nos fala dos "dentes na gruta da memória" essa distância se vai, ainda e cada vez mais, medindo em euros, por muito pouco poético que seja isto que digo.

    A fotografia, essa é-me indecifrável e não creio que seja por causa da minha crescente falta de acuidade visual. Mas é intrigantemente bela e não resisto a perguntar-lhe de que se trata...

    Um forte abraço!

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    1. Concordo consigo. Embora pouco poético, a caverna sem dentes é uma situação que se resolve a poder de dinheiro.
      A imagem é de um pormenor de uma ossada abandonada.
      Um abraço.

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    2. Muito obrigada, L.!
      Nunca chegaria à ossada por muito que me esforçasse por distinguir padrões que me levassem a algo de concreto... aliás, nem cheguei a imaginar coisa nenhuma, esta imagem era um completo mistério para mim...

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    3. Aprecio a sua curiosidade como, aliás, a de todos os meus leitores.
      Um abraço.

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  6. O poeta se compraz em contruir distâncias pelas quais é, e com razão. mal compreendido pelos seus leitores.

    A aguarela da publicação de ontem, é linda de morrer.

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    1. O autor atira as palavras aos seus leitores, algumas caem ao chão como os frutos maduros, no entanto fertilizam a terra.

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    2. Eu diria que as palavras do poeta fertilizam a mente dos leitores, mesmo daqueles que não lhe compreendem o sentido.

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    1. Agradeço a gentileza sempre patente nas suas visitas.
      Um abraço.

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  8. o reconciliar é um momento de deleite

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  9. Caro Poeta/Pintor
    Um excelente poema.
    A reconciliação é sempre tão reconfortante.
    Gostei!
    Boa semana com saúde.
    :)

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    1. Como é longa e curta, ao mesmo tempo, a nossa vida.
      Um abraço.

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