Foto do autor do texto tomada do documentário VIDA SELVAGEM 




Terrores nocturnos 

 

Tenho os meus terrores noturnos 

e diurnos também 

confesso 


os meus sonhos em ruínas 

e os meus dias também 

construções doentias

e desconstruções também 

confianças perdidas 

e autoconfianças também 


tenho os meus terrores


veleiros a naufragar

e cascos que dão à costa 

filhos que não voltam 

e outros que partem também 


tenho os meus terrores noturnos 

e diurnos também 

confesso 


O meu outro em mim senta-se 

e ouve ao longe

uma ária conhecida

esses são os intervalos na sua vida.


 


 

16 comentários:

  1. Conselho:
    Afasta-te de ti
    Assume o teu outro

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  2. Não me parece bom para a mente viver com terror. Nada que um bom copo de vinho não resolva, rsrssrsr
    A foto em transparência é fabulosa.
    *
    Um domingo muito feliz, com Saúde, Paz e Amor.
    */*

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    1. A sua sugestão poderá ser interessante.
      Bom domingo.
      Um abraço.

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  3. Um poema em que demonstra a imensa força de nos falar das suas fragilidades...

    Não sei se será muito normal não ter terrores nocturnos, nem diurnos, mas não me posso dar ao luxo de os ter e permanecer lúcida nos tempos que correm, por isso aprendi a não os sentir ou a transformá-los em poemas, como se os poemas fossem pontes para a Paz e muros contra a guerra... Peço desculpa, acabo de mentir sem dar por isso: estou aterrorizada por causa de uma cintigrafia com perfusão do miocárdio a que amanhã serei submetida durante o dia inteiro. Tenho um terrorzinho pessoal que terminará amanhã ao final da tarde.

    Forte abraço, L.!

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    1. A poesia permite-nos as nossas confissões, talvez uma forma de as pôr à luz como se faz com a roupa que está na gaveta há muito tempo e precisa de sol.
      Vai correr tudo bem com o seu exame.
      Um abraço.

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  4. Teresa Palmira Hoffbauer25 de junho de 2023 às 13:06

    Tanto a fotografia como o poema me levaram à „Metamorfose“ de Franz Kafka, porque explora temas como a crise existencial, a desesperança do ser, pessimismo, a ausência de resposta, a solidão, impotência e a fuga. Franz sabia que escrever era a única alternativa. E o poeta escreve …

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    1. Estes comentários revelam ao autor o significado da sua escrita. Levo muito em conta esse género de comentário que me mostra o que eu não seria capaz de ver.

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  5. Nunca será fácil lidarmos com o "eu pensamento", ele tem vida própria, constrói-se e a intervalos arruína-se, mas não tem outra forma de convivência e nos conhecermos profundamente, se não a de nos permitir dar-lhe rédea solta.
    Um kandando, boa semana.

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    1. Sim, uma faceta indomável de nós que só existe por estarmos vivos.
      Um abraço.

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  6. Que poema forte, gostei muito. Abraços e ótima semana.

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    1. Saúdo a sua vinda e este seu primeiro comentário.
      Desejo-lhe uma boa semana, também.
      Um abraço.

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