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Nós os dois
Há uma estranheza quando me ocorre
que já nos amámos
que acordávamos despenteados e sorridentes
que bebíamos pelo mesmo copo
que tínhamos na mão o mesmo livro
que nunca foi preciso abrir a porta ao outro
porque já estávamos dentro do outro
que sempre fizemos o nosso lume
com a fricção do nosso desejo
Espanto-me quando me ocorre
que já nos amámos
nesse tempo a poesia era a nossa forma
de não desperdiçar o espírito
até que os espíritos se tornaram fantasmas
Agora estou em fuga da minha memória
escrevo para me confessar
e isto não é uma metáfora.
Ainda bem que não é uma metáfora.
ResponderEliminarGosto desse sentimento que acomete
o poeta e nos deixa ver que nos
interstícios da vida há ou houve algo
que vale a pena.
Um abraço
Olinda
Conforta sermos capazes de revelar certos momentos mais sensíveis da nossa vida.
EliminarUm abraço.
Bom dia
ResponderEliminarGostei da maneira como se confessa . Talvez a adote.
JR
Confessar a quem merece as nossas confissões humaniza a nossa vida.
EliminarUm abraço.
O poeta conquista a nossa simpatia de um modo imediato da maneira como se confessa.
ResponderEliminarAs nossas confissões humanizam a nossa vida, diz o poeta.
Provavelmente as nossas confissões também fragilizam as nossas vidas.
A escadaria da fotografia lembra-me a minha cidade invicta.
As confissões são uma entrega mas nem todos merecem essa entrega.
EliminarA foto é no Porto, sim.
Provavelmente a anónima das margens do rio Reno não merece as confissões do poeta.
EliminarUma confissão poética muito bela, recordando um grande amor.
ResponderEliminarUm poema excelente que muito apreciei.
Beijinhos,
Ailime
Uma confissão lançada para o desconhecido.
EliminarObrigado.
Um abraço.
Havia, até um não há muito
Eliminarum outro "Nós dois" quase assim
Tudo tem fim.
EliminarUm confissão, que encerra um grande amor.
ResponderEliminarNada foi esquecido.
Está tudo no poema.
:)