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Poemas da minha infância



Pai


O meu pai morreu hoje outra vez

ficou ali estendido no corredor

da nossa casa

já morreu três vezes

mas está sempre vivo

na catequese ouvi dizer 

que Deus não teve princípio 

nem terá fim

o meu pai é filho de pai incógnito 

e não consegue morrer

se calhar o meu pai é Deus.





14 comentários:

  1. Atrevo-me a pensar o mesmo, meu Amigo Luís. Desde os meus sete anos que penso que é assim: o meu pai morre e vive quantas vezes eu desejo.
    Tudo de bom.
    Uma boa semana.
    Um beijo.

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    1. Um dia descobrimos isso e a partir daí, de vez em quando, lembramo-nos.
      Um abraço.

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  2. Um poema surpreendente.
    E magnífico, gostei de ler.
    Boa semana, caro amigo Luís.
    Um abraço.

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  3. A inquietação que nos impingem na catequese é tramada. Depreendi que hoje faz anos que o teu pai partiu e como é óbvio não o esqueçes, como eu não esqueço o meu, mas não marino em algumas teorias religiosas. Gostei, mas já não digo o mesmo quanto à foto!
    Beijos e um bom dia

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    1. Não é nenhuma data em especial. Apenas um poema com tudo o que tem de irreal.
      Um abraço.

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  4. Com túnica de linho e grinalda de flores
    O filho embrulhou o corpo do pai-deus
    Na relva virginal da imaginação do poeta-deus

    Até o Cristo da fotografia ficou surpreendido com a orgia pagã da poesia.

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    1. As três primeiras linhas deste comentário são três versos, resultou num poema. Obrigado.

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  5. Siempre vive en el corazón, de las personas que lo aman.
    Un abrazo

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  6. Ailime deixou um novo comentário na mensagem "":

    Boa tarde Luís,
    Gostei imenso deste poema.
    Os pais nunca morrem. Estão sempre vivos no nosso coração.
    Beijinhos e uma boa semana.
    Ailime

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  7. Temos recordações deles... que vão ficando.
    Um abraço.

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  8. O meu pai morreu no primeiro do ano.
    Morreu para o mundo.
    Para mim ele nunca foi nem será esquecido.
    Este poema mexeu comigo.
    :(

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