Até à vista
Era impensável mas esperada
a tua morte
não podia imaginar mas tudo fazia prever
que morresses
sempre foi credível o que escreveste
e o que acabas de dizer
sem palavras ___ com silêncios
é que somos efémeros
mesmo na pele dos outros
deixamos para trás
a nossa imagem ao espelho
a nossa escova de dentes
os nossos sapatos
as nossas preocupações
as nossas blasfémias
o nosso sangue
esforço-me para me lembrar
da tua cara ___ do som da tua voz
conservo uma foto onde estamos juntos
conservo o teu número no meu telefone
tudo ficará junto
com o que eu deixar para trás
Até à vista!
Na morte de um velho amigo muito próximo
“ Médico, comunista, desertor de uma guerra injusta e construtor de mundos novos.
ResponderEliminarA denúncia dos crimes do colonialismo é apenas uma parte da história de um «imprescindível» que lutou toda a vida.”
A pintura é lindíssima, mesmo assim, não ofuscou o comovente poema, escrito pela morte de um velho amigo muito próximo.
Vamos ficando sem os amigos.
EliminarUma magnífica homenagem para quem partiu, mas a vida é isso mesmo até ao dia em que seremos nós!
ResponderEliminarA pintura atrevo-me a dizer que quem partiu não iria gostar.
Abraço sincero e um bom domingo!
Sim, chegará o tempo em que um momento nos será reservado.
EliminarUm abraço.
Costumo dizer ultimamente, que estou na idade das despedidas.
ResponderEliminarDespedidas de tudo um pouco, inclusive de companheiros, amigos de sempre e alguns familiares.
Não há objectos, fotos ou boas lembranças que nos recomponham disso.
São perdas de uma boa parte de nós, talvez não imagináveis na antecipação, para que na altura não doa mais ainda.
Um pouco de alívio têm os que creem que um dia se encontrarão mais tarde noutra dimensão... eu gostava de acreditar que isso seria possível, mas não cabe aqui entrar nessa divagação.
Um apertado kandando!
Subscrevo o teor de todo o seu comentário. Agradeço a sinceridade com que se exprimiu.
EliminarUm abraço também apertado.
Quando éramos jovens, vimos partir os nossos avós, tios avós e aqueles que não distinguíamos dos tios avós porque nos eram muito, muitíssimo próximos. Doía-nos, mas entendíamos ter pela frente o tempo do luto e esse outro tempo imensurável que sara ou mitiga todas as feridas da alma. Hoje, esse tempo é demasiado curto, embora continue a ter a distância da linha do horizonte...Já aprendemos, porém, que a linha do horizonte terminará onde e quando nós terminarmos. É por isso que a dor, parecendo menos exuberante, é bem mais dura e insidiosa.
ResponderEliminarUm forte abraço, L.
Compreendi bem o seu comentário. É como se dissessemos "se calhar saio na próxima paragem!"
EliminarSaúde, um abraço.
Exactamente, L.. Agora estamos todos conscientes de que poderemos sair na próxima paragem.
EliminarSaúde e outro abraço!
"Mesmo na noite mais triste
ResponderEliminarEm tempo de servidão
Há sempre alguém que resiste
Há sempre alguém que diz não.…"
Um abraço
Olinda
Um dos poemas do Manuel Alegre de que gosto muito e que a voz de Adriano muito valorizou. Obrigado por o ter trazido à minha lembrança.
EliminarUm abraço também.
Ese será el final, que nos espera a cada uno de nosotros y al final de nuestra vida, puede que nos encontremos en el más allá.
ResponderEliminarUn abrazo
Sería interesante que nos encontráramos en otro mundo donde pudiéramos tener nuestro Blog.
EliminarUn abrazo.
a morte é sempre triste, mesmo a que ja esteja anunciada.
ResponderEliminarmas o seu amigo, teve uma prova de gratidão: a homenagem em forma de poema que aqui compartilhou.
o poema está muito comovente.
que descanse em paz.
:(
Este poema não existiu enquanto ele viveu, e agora jamais o conhecerá.
EliminarUm abraço.