Os poetas comovem-se


A casa dos poetas é uma praça fechada 

uma pequena parte do mundo

onde se apresentam despidos 

finalmente despidos ___ naquele êxtase 

que sucede à visão de um arco-íris 

nascido da toalha branca sobre a mesa 

onde procuram as palavras certas 

que lhes nascem da voz 

a voz que não se atreve naquela quietude. 


Os poetas não enjeitam

o lado sombrio das suas vidas e escrevem

para os que precisam das suas palavras 

os poetas descansam no espaço 

que lhes fica entre as palavras 

apalpam a sua vida e exibem a sua nudez 

naquela praça fechada 

até os ecos das vozes conhecidas 

lhes trazerem mais palavras certas.


A casa dos poetas é uma praça fechada 

uma pequena parte do mundo


os poetas comovem-se.




12 comentários:

  1. Bom dia
    Os poetas não têm casa
    Os poetas têm todo o mundo por sua conta .

    JR

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  2. A través de sus poemas, muestran su mundo interior.
    Un abrazo

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  3. Gostei dessa descrição sobre os poetas, embora diga que há muita diferença em todos eles. Uns mergulhados no seu passado sofrido e tão negativo e outros abertos ao mundo numa positividade que gosto.
    Beijos e um bom dia

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  4. E aqui vai, em forma de sorriso, a anuência de uma poeta comovida :)

    Quando há cerca de três ou quatro anos fui renovar o meu cartão de cidadã, descobri que o tempo me tinha roubado as impressões digitais... A funcionária, muitíssimo simpática, repetiu a operação vezes sem conta, mas não conseguindo obter nem rasto de impressão digital, acabou por desistir. A primeira coisa que me ocorreu foi que tinha deixado as minhas impressões digitais nas teclas do computador, de tanto escrever sonetos :)

    Um largo, largo abraço, L.!

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    1. A situação que relata é muito original. Como consegue ser cidadã sem impressões digitais? É, no entanto, poeta reconhecida.
      Um abraço.


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  5. " R y k @ r d o " deixou um novo comentário na mensagem "":

    Uma descrição do que é ser POETA muito interessante de ler. Gostei.
    .
    Feliz fim de semana. Saudações poéticas.

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  6. © Piedade Araújo Sol (Pity) deixou um novo comentário na mensagem "":

    Adorei este poema.
    E sem querer ser aborrecida, deixo aqui um da minha autoria, que me lembrei enquanto lia o seu.
    obrigada!
    -
    A quietude das águas

    O poeta chegou em Março, com o frio e a neve ainda no sangue.
    Pediram-lhe que falasse da quietude das águas. Ele sorriu, porque sabia que do sossego nada sabia. Nele, só existiam inquietações e tormentas.
    O poeta olhou o céu e sentiu frio. Foi nessa altura que se olhou, já de pé, num banco de pedra. E falou do choro dos outros.
    Alguns repararam que o poeta estava completamente nu.

    ©Piedade Araújo Sol 2009-03-17

    boa semana.

    :)

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    1. Os poetas amontoam em si o seu sofrimento e o dos outros e com isso fazem poemas.
      Obrigado pelo seu poema é uma atenção que me sensibiliza.
      Um abraço.

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