Dizem que cheguei
Ouvi alguém dizer
está a chegar!
é para mim que falam
não há mais ninguém
neste lugar de onde venho
não trago bagagem
e não reconheço o lugar
estou quente aqui
receio o frio lá fora
receio as vozes
o alarido
como sobreviverei
é o mistério
chego ___
___ mesmo que essa
não seja a minha vontade
e logo me açoitam
e me obrigam a chorar
trago na mente o desconhecido
e apenas o poder
das minhas pequenas mãos
ah ___ e da boca
da minha boca virgem
de palavras
de sabores
agarro por instinto
a minha existência
saúdam-me
passam-me de mão em mão
até me apoiarem entre
dois seios enormes ___ quentes
que golfam sabores
na minha boca virgem
agora só de palavras
aprendo a respirar ___
___ lentamente
e adormeço hoje
vou acordar amanhã sozinho
setenta anos depois.
O nascimento do POETA é o que nos conta este poema.
ResponderEliminarUma interpretação absurda?!
Provavelmente!!
Uma interpretação exacta.
EliminarUma viagem no tempo bem atribulada e quer dizer que hoje fazes anos...setenta! Pelo que escreves não gostas nada de o fazer porque te atormenta. Foi o que senti. A foto combina exatamente com as tuas palavras! Gostei!
ResponderEliminarBeijos e um bom sábado
Não faço anos hoje nem farei setenta. A poesia nasce fora do tempo, este texto é uma generalidade.
EliminarBom fim de semana.
Um abraço.
Un viaje, que te hace retoceder en el tiempo y al inicio de lo que iba a ocupar tu vida.
ResponderEliminarUn abrazo
Talvez a mais bela representação de um nascimento que li em toda a minha vida.
ResponderEliminarQuando envelhecemos, se somos poetas, pode parecer-nos que nascemos no verso imediatamente anterior.
A fotografia é lindíssima, mas o poema ofusca-a. Não, o contrário não é verdadeiro.
Forte abraço, L.!
O momento em que tudo começou, do ponto de vista do utilizador.
EliminarUm abraço.
Lá, no teu poema
ResponderEliminarhá uma referência
a uma mão pequena
quando acordares
esquece as palavras
e usa-a
usa, ambas as mãos pequenas
o Mundo precisa de gestos
mais do que palavras
pois estas, leva-as o vento
(e nunca acordarás só)
Não há gestos sem palavras.
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