Foto de Daniel Filipe Rodrigues



Espero o meu próprio regresso


O autor desnuda-se perante os seus leitores

e confessa-se pretendente a poeta que canta

     os angustiados sem abrigo para a angústia 

     os desencontrados de tudo

     os órfãos de uma vida inteira

     os confusos com os caminhos

     os entendidos como loucos

os que se esqueceram da sua existência

     os arrependidos de terem estragado tudo

     os saudosos

     os solitários 

     os impotentes

     os abandonados


o autor observa na margem do rio

que passa junto à sua casa

uma barca velha abandonada

onde já se viu a ser levado desnudado

por ser o poeta dos que partiram

o autor fica à espera do seu próprio regresso.

 

 

10 comentários:

  1. Como eu gostaria de fotografar como o Daniel Filipe Rodrigues.
    Ao contemplar esta obra-prima fotográfica, tenho vontade de apagar todas as minhas fotografias.

    Quanto ao poema que embora não me seja endereçado, mergulhei na profundidade da mensagem. Entretanto, fico à espero do regresso do poeta, sentada no banco branco — que simboliza paz e harmonia.

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    1. Na arte todos têm o seu lugar, ninguém se deve sentir menos artista por reconhecer a qualidade do outro. Nada de eliminar testemunhos artísticos que têm a validade do empenho e do sentir do artista.
      O poeta está sempre de partida e sempre a regressar, numa vertigem da qual nunca teve descanso.

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    2. Essa barca velha está mesmo aí
      perto de ti
      Esperas o quê?, sabendo como sabes
      que sem poesia, sem cultura
      o Mundo não muda

      Cá te espero! Força!

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    3. Fizeste um poema gritante dando voz a quem mais sofre e precisa! Parabéns poeta e desejo que vás mas que voltes p.f.!
      Beijocas e um bom dia

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    4. Vou para muitos lugares... sem sair daqui.
      Um abraço.

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  2. Brancas Nuvens,
    Como não aplaudir
    esse poema que traduz
    muitos de nós que lemos e que
    escrevemos como forma
    de expressão?`
    Bjins
    CatiahoAlc.

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  3. Boa tarde Luís,
    O poeta tem a sensibilidade de lembrar todos os que de uma ou outra forma sofrem as agruras da vida!
    Belo poema que nos recorda que a vida é feita de muitos sofrimentos e sobressaltos.
    No barco da vida muitas ondas abalam o barco e como é difícil o equilíbrio.
    Lindissima foto!
    Beijinhos,
    Ailime

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    1. Não podemos esquecer os que se arrastam pela vida, por uma ou outra razão.
      Um abraço.

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