Bandos
Também pertenci a bandos
quando era jovem
desinteressados dos mistérios da vida
cantarolando as canções da moda ___
___ se possível ao ouvido de alguém
éramos bandos de apaixonados
como no cinema
tudo era possível nesse tempo
dos bandos de café
a insolência do ruído e do espaço
ocupado com duas ou três chávenas
era o mais longe que íamos
na delinquência
o bando era uma seita de pecadores
fugidos à obrigação das missas
o bando era um grupo de poetas
sem saberem ainda o que era a poesia
o bando não tinha futuro
como determinava o mistério da vida
a guerra dispersou-os e matou alguns
era o mistério da morte
o bando de hoje
a que estamos a regressar um a um
entra pelos mistérios da vida e da morte
estamos juntos sem nos sabermos ___
___ termino o poema e afago o meu gato
que também já pertenceu a um bando.
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O bailarino português Martinho Lima Santos
ficou em segundo de nove lugares premiados
no Prix de Lausanne, competição internacional de dança
que decorreu dia 3 em Lausanne, Suíça
com 86 candidatos, dos quais foram seleccionados 20 finalistas.
O português foi, ainda, distinguido
com o Prémio de Dança Contemporânea.
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Embora seja uma grande admiradora da sua POESIA, raramente me identifico com o poeta.
ResponderEliminarDesta vez sim, identificação absoluta.
Éramos um grupo de pseudo-intelectuais — tipicamente filosofia de café.
Entre o comunismo e o existencialismo.
Agora afago os meus quatro cactos — herança do meu “deserto loiro” — um homem com os pés bem firmes no chão, que sempre aceitou todas as minhas loucuras.
Também já tive um bichano parecido com o da fotografia, que também me abandonou. Repousa num canteiro do meu jardim.
Retiro-me, digo boa noite 😘 e peço pelo meu comentário mil desculpas.
Identificou perfeitamente o grupo de jovens que éramos.
EliminarAfagar um cacto deverá ser uma tarefa dolorosa.
Os seus comentários são bem vindos não dão lugar a desculpas.
Os meus quatro “cactos” são belos e suaves como o pai.
EliminarCactos de espécie desconhecida?
EliminarParabéns ao Martinho e a reflexão presente na postagem. Talvez o mais importante seja pertencer, estar inserido, não a margem. É importante estar, porque precisamos aprender por bem ou por mal.
ResponderEliminarBeijus,
Justos Parabéns ao Martinho. Deste acontecimento não foi dada a devida notícia nos telejornais.
EliminarTodos temos um sentimento de pertença, é necessário, sobretudo quando somos jovens
Um abraço
Um percurso bem desenhado e com um final que identificamos perfeitamente.
ResponderEliminarA juntar à excelência da sua escrita a notícia sobre este jovem, Martinho
Lima Santos, com um talento extraordinário. (Confesso que os apelidos
"Lima Santos" recordam-me algo de muito perto)
Um abraço
Olinda
Um percurso de juventude dos anos 60.
EliminarO Martinho é um festejado bailarino, não tem os elogios que merece, não é futebolista.
Um abraço.
Embora eu goste muitíssimo mais de dança clássica do que de futebol ⚽️ nunca ouvi falar do Martinho e até tenha a camisola do nosso Cristiano Ronaldo.
EliminarEntão confirma-se que há uma falha de informação e a distribuição dos "louros" é desigual e injusta.
EliminarNão acuse a falha de informação, mas sim o desinteresse da maioria do povo português pela dança clássica e uma loucura infinita pelo FUTEBOL ⚽️ A imprensa escreve sobre aquilo que mais interessa aos seus leitores.
EliminarUm poema que deu pano para mangas.
Até adeus — até Março 🌺
É um erro os órgãos de informação darem ao povo "aquilo que mais interessa aos seus leitores". Os órgãos de informação também devem ter uma missão formadora. Mas isso não interessa ao poder.
EliminarTambém eu pertenci a um bando no qual entrei muito cedo, pela mão do meu namorado que viria a ser o meu marido e quase trinta anos depois, o meu ex-marido. Era de longe a mais jovem do bando e, durante muito tempo, o único elemento do sexo feminino.
ResponderEliminarDo jovem bailarino português, nada sabia, foi uma notícia boa e em primeira mão :)
Um abraço, L!
Todos nós recordamos com saudade esses bandos dos maravilhosos anos 60.
EliminarO Martinho e o seu "feito" (este não é o único) é uma boa notícia.
Um abraço
Confesso que fiquei pasmada que a Maria João fosse a única rapariga no grupo.
EliminarNo movimento estudantil de 68 — as mulheres tinham a palavra.
A nossa idade oscilava entre 15 e 18 anos. Os rapazes eram mais velhos.
Provavelmente, os nossos rapazes tinham namoradas, mas não se atreviam a trazê-las.
No nosso grupo não havia casos de amor.
Caro Poeta
ResponderEliminarLi este poema com enlevo, e gostei demais.
Sabe que gosto de gatos, e achei que fechou o poema com chave de ouro(para não dizer de gato)
Nunca fui de bandos, mas tinha o meu grupo, e os meus amigos (os livros) de que gostava muito.
Tentei fazer o meu exercício a este poema, e olhe que quase dava, só as últimas estrofes me deram cabo do trabalho.
A foto não gostei, achei-a demasiado desfocada, mas pode ter sido propositada pelo Poeta, por isso peço desculpa.
Boa semana e boa poesia!
:)
Todos nós, mais velhos ou mais novos, fizemos parte de um grupo.
EliminarA foto foi trabalhada para esse resultado, desfoque e alteração da cor.
Um abraço.
Em tempo!
ResponderEliminarGostei da notícia do jovem bailarino.
Oxalá tenha sucesso, que pelo prémio deve ser bastante talentoso.
:)
Um artista muito promissor.
EliminarIdentifiquei-me neste teu poema porque também tinha um bando numa todos por um e um por todos e muito atentos aos pidescos e tinhamos códigos e a conversa mudava antes que fosse tarde demais:)
ResponderEliminarParabéns ao jovem bailarino que deconhecia o seu feito muito bom.
Beijos e uma boa tarde
Anos sessenta, a última década da ingenuidade.
EliminarUm abraço.
VENTANA DE FOTO deixou um novo comentário na mensagem "":
ResponderEliminarGuardo buenos recuerdos, del grupo de amigos, que nos juntábamos para salir.
Un abrazo.
De este lado y de aquel de la frontera todo es muy idéntico.
EliminarUn abrazo.
verso após verso cai-nos a memória do nosso bando...
ResponderEliminaro bando dos bailes de garagem,
o bando do assalto a capoeiras nossas e dos vizinhos,
o bando de...,
e o bando de...
e a memória corre, corre, corre...
e num momento trauteio esse belíssimo poema de Ary dos Santos a que Carlos do Carmo deu voz
...
"Parecem bandos de pardais à solta
Os putos, os putos
São como índios, capitães da malta
Os putos, os putos"
...
obrigado por esta bela memória
É a nossa memória, é também a nossa identidade.
EliminarEu é que agradeço
Um abraço.