Estou em algum lugar
Aqui estou sempre
com este vício das palavras
ou a ideia talvez errada
de que com elas formo versos
na tentativa talvez errada de
que me descobrem de que
me matam a fome de conversa
mesmo que tudo por aqui
continue em silêncio
quando me escondo mostrando-me
sabendo-vos por aqui confesso
que vivo num país
sem mar ___ sem terra ___ sem céu
e não me ofendo se me disserem
que isto não é um país
talvez até o mundo
já tenha deixado de existir
ou sou eu que quero mudar
o sentido das palavras
quando me escondo mostrando-me
escrevo com a fantasia
de que chegarei a outro lugar
onde todos me esperam
e me descobrem
e me matam a fome de conversa
sobre o mundo que deixou de existir
e sobre a mudança do sentido das palavras
onde me escondo mostrando-me
e me vou lentamente perante todos
no fumo do meu cachimbo.
escreves com a fantasia
ResponderEliminarde que chegarás a outro lugar
onde todos te esperam
e te descobrem
também escrevo
acredites ou não
com a mesma motivação
Lá estaremos... juntos.
EliminarSe me puderem e quiserem levar, de preferência num carrinho de compras, vou convosco. Posso?
EliminarRi-me muito.
Eliminar"quando me escondo mostrando-me"
ResponderEliminar"onde me escondo mostrando-me"
Um mundo construído com e para os leitores,
tenho essa ilusão. E gosto de estar nele. Talvez
apenas exista na nossa imaginação. Mesmo
assim, matamos "a nossa fome de conversa".
Um abraço
Olinda
É uma recompensa para o autor quando os leitores mostram o seu agrado.
EliminarMuito Obrigado.
Um abraço.
Sou muito fã de blogues, desde a primeira vez que os conheci achei-os uma belíssima ferramenta para a escrita e comunicação com o mundo. E tenho tido ao longo dos anos muitos sinais de amizade das pessoas que passam na minha rua e tem sabido bem. Mas ainda assim acho que não nos matam a fome de conversa nem nos dão um abraço (desses de toque) quando precisamos. Dito isto, acho que entendo o poema e até me encontro dentro dele.
ResponderEliminarDefiniu muito bem as características dos blogs e a prática que usamos, tanto os que os criam como os que nos vêm ver. Continuaremos, apesar de tudo há cruzamentos de sentimentos e sensibilidades.
EliminarUm abraço.
Só não sou fã de cachimbo ou cigarro kkkk. Mas, respeito quem usa. Desculpe o comentário.
ResponderEliminarOlá Luiz
EliminarTambém não sou fumador, há muitos anos.
Um abraço
Luís
Jean Sibelius é o sinfónico mais importante do século Xx ao lado de Gustav Mahler — os dois se encontraram, mas uma faísca não pulou — É impossível não adicionar Dmitri Shostakovich. Embora Sibelius tenha experimentado muito mais com forma e harmonia.
ResponderEliminarPelos vistos a música abafou o texto de hoje.
EliminarNem sequer a inesperada presença do capitão Haddock ofuscaria este poema, L.... Pelo menos eu não fiquei ofuscada, embora, por décimos de segundo, tenha acreditado que tinha clicado no link errado...
ResponderEliminarMas desci e lá o vi, não o vendo, ora escondendo-se ora mostrando-se, cheio de fome de conversa, que de palavras não pode tê-la, ou não as deixaria - às palavras... - por aí, a um clic de uma trincadela de qualquer um dos seus leitores...
Um forte abraço, L.
Os meus leitores preenchem os meus dias. A Maria João é uma presença que me estimula.
EliminarUm abraço.
Boa tarde Luís,
ResponderEliminarMesmo pensando esconder-se, as suas palavras mostram-se sempre exímias em bela poesia, como é o caso.
Beijinhos,
Emília
Agradeço o simpático comentário.
EliminarUm abraço.
escrever mostando-se ou não, já está (sempre esteve) na massa do sangue.
ResponderEliminare assim se vai fazendo poesia
É irresistível.
Eliminarmesmo escondido o Poeta
ResponderEliminara Poesia fala por ele
:)
Mostro-me... embora escondido.
EliminarUm abraço.