Foto de Daniel Filipe Rodrigues



Tudo era poesia


Cheguei atrasado à poesia

ocupado com a sobrevivência 

de duas bocas na inocência da fome

com uma revolução 

que me puseram nos braços 

com tropeços do coração 

e a confusão das idas e dos regressos


tudo atrasou a minha chegada à poesia

nesse tempo desconhecia

que tudo isso era a poesia

e que o atraso era apenas

o medo de chegar tarde à vida

com duas bocas na inocência da fome


e isso não eram só palavras.




8 comentários:

  1. Embora atrasado, ainda chegou a tempo à poesia.
    Uma peça de museu, o lindíssimo relógio da fotografia com os signos do zodíaco.

    ResponderEliminar
  2. O tempo que parece ficar parado ao ouvir-se, ler, sentir a poesia a fluir....nunca se chega atrasado...
    Beijos e abraços
    Marta

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Também cheguei a essa conclusão, guardamos a poesia connosco para outros tempos em que ela se revela.
      Um abraço.

      Eliminar
  3. Boa tarde Luís,
    Magnífico poema!
    Sem se dar conta o Poeta viveu antes a poesia numa outra dimensão.
    Hoje pode soltá-la, porque ela amaduredeu e brota a cada momento.
    Beijinhos e bom domingo.
    Emília

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Foi exactamente o que aconteceu. Hoje, o passado é um tema infindável.
      Bom domingo.
      Um abraço.

      Eliminar
    2. Tarde chega
      quem nunca alcança

      Eliminar
  4. Belíssimo poema, Luís!
    Cito um escritor de que ambos gostamos, Sándor Márai: “Tudo acontece no seu próprio tempo”.
    Beijo.

    ResponderEliminar