Foto de Daniel Filipe Rodrigues



Um poema sem título


Dei cabo de ti

a golpes de ternura

fiz questão de acertar

nos lugares mais vulneráveis 

do teu corpo

quando já estavas

inerte de cansada

deixei flores e trevo a germinarem 

entre os teus seios 


abri as portadas da janela

vi o caminho que ainda 

teria de fazer para regressar

ali mesmo crepitava

um rio de setas

a indicar-me o caminho

com a janela aberta

um bando de moscas

entrou pelo quarto dentro

eram tantas que te acordaram

e me estragaram o poema.



 

6 comentários:

  1. Não estragaram nada!!!
    Acabo de lê-lo
    e está bem belo!

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  2. Da mistura estranha: "golpes de ternura" com "um bando de moscas", resultou (e não estragou) um excelente poema.
    Um beijo Luís. Bom fim-de-semana.

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    1. Agradeço o simpático comentário.
      Bom fim de semana.
      Um abraço.

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  3. Elvira Carvalho deixou um novo comentário na mensagem "":

    Qual estragaram qual quê. Li duas vezes e achei muito bom.
    Abraço e saúde

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    1. Vá lá, pensei que o poema tinha sido estragado. Obrigado pela compreensão.
      Um abraço.

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