Foto de Daniel Filipe Rodrigues



Digo adeus à minha cidade


A minha cidade é já outra cidade

há rostos inexpressivos que deslizam

talvez em fuga porque fustigados

na minha cidade tudo é assimétrico 

e pouco demorado

a minha rua da minha cidade

é já outra rua de outra cidade

e já não é minha

outrora a arte salvava a minha cidade

agora é só cor e tudo é confuso

sem forma e sem nome


nas ruas da minha cidade

no fim de tarde de novembro 

é quase noite

digam-me depressa

brutalmente e sem rodeios

o que se passa

assim talvez tenha tempo 

de me levantar e partir

amo demasiado a minha cidade

para continuar a viver com ela.



 

20 comentários:

  1. O poema é interessante, mas a fotografia do primogénito tira-me a respiração.

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  2. Tudo muda... até as cidades perdem características que nos fazem querer partir...
    Bela a foto....
    Beijos e abraços
    Marta

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  3. Tive uma experiência parecida não há muito tempo.
    As vilas, as cidades, transformam-se e aqueles
    pormenores que as identificavam desaparecem
    com o tempo.
    A foto, linda. Diria que se trata das ruínas de São
    Paulo, em Macau..mas não, a traça arquitectural
    nada tem ver :)
    Um abraço
    Olinda

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    1. As cidades, são para nós, apenas parecidas com o que já foram.
      A foto é de um lugar na Croácia.
      Um abraço.

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  4. As cidades movem-se a cada século ou antes que se perceba .
    Resta-nos acompanhar os ciclos _ voltei a cidade que nasci há pouco tempo e vagarosamnente
    vou reconhecendo pontos ja vividos. E, tal qual a foto as vezes tendo vertigens... :))
    abraços, L

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    1. Nós mudamos mas não esperamos que a nossa cidade mude.
      Um abraço.

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  5. A minha cidade
    também está assim
    sem identidade
    tal qual um travesti

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  6. a cidade mudou, até os nomes são outros.
    nós mudamos.
    até já ninguém me trata pelo nome.
    é assim....

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  7. Mas nós também mudamos, não são apenas elas que mudam. Esta foto encaixa aqui como uma luva.
    Beijinhos sempre novos
    (^^)

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  8. Boa tarde Caro Poeta
    Um poema muito realista.
    As minhas cidades mudaram completamente.
    Mas, confesso que nós também mudamos e a cidade mudou connosco.
    A cidade que nasci, não a reconheço agora.
    A cidade que vivo, está totalmente diferente.
    O Turismo mudou tudo e toda a nossa rotina e não só.
    ;)

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    1. Perdem-se referências em nome da modernidade e há até quem perca a sua casa.
      Um abraço.

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  9. As cidades mudam como muda a identidade de quem as habita. E de quem as governa e das necessidades atuais. Lembro-me do Barreiro com estradas térreas ou empredadas, de meia dúzia de automóveis, e muitas carroças puxadas por burros, ou cavalos, e sem transportes públicos, a não ser o barco para Lisboa e os comboios para o Alentejo e Algarve. Tão diferente de hoje.
    Abraço e saúde

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    1. É um facto, tudo muda, as cidades também, já tinham mudado antes de nós nascermos.
      Saúde, um abraço.

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  10. Boa tarde Luís,
    O mundo mudou e as cidades também!
    Já não nos revemos nelas e já ninguém nos reconhece.
    Parecemos fantasmas a moverem-se no meio das multidões.
    Beijinhos,
    Emília

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    1. Assim é, tudo muda e já tínha mudado quando nascemos.
      Um abraço.

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