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O silêncio branco


O silêncio cheio de sons 

rumores

palavras em branco

na sala de espera

com constantes pontos finais sonoros 

que trazem um número pendurado 

no visor junto ao tecto 

as cabeças movem-se ao mesmo tempo 

interrompendo os olhos do visor do telemóvel 

sai o premiado e tudo volta ao mesmo

a espera 

os rumores

o adiamento da morte

as idas e as vindas

as dores

as náuseas 

a queda do cabelo

a queda da esperança 

os pensamentos negros

o braço que nos apoia

a voz que responde cansada

o silêncio.



 

12 comentários:

  1. Vejo tudo isso numa sala de espera mas jamais no telemóvel algo que deveria ser proibido. Desatino quando têm o som.
    A espera é angustiante e dizes tudo muito melhor do que eu.
    Beijos e um bom dia

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    1. Observo e ali, na sala onde todos esperam, também há poesia.
      Um abraço.

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  2. Fantástico este poema.
    Uma observação aturada do dia-a-dia nas salas de espera
    dos consultórios, vendo a a vida a passar, as horas e os
    minutos e o envelhecimento acontecendo...
    Um abraço
    Olinda

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  3. Os olhares sobre o cotidiano além de 'pensamentos negros'
    há um coração poético e sensível onde o silêncio tem sons transformados em poema.
    Muito bom, Luís muitos parabéns.

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    1. A poesia está em todo o lado embora a maioria das pessoas não a veja.
      Um abraço

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  4. Nunca tinha pensado nisto, mas de facto há imensa poesia numa sala de espera, sobretudo se ela for de um estabelecimento de saúde.
    Há humanidade, desumanidade, alegria, tristeza, sentires, vazios, alvoroço, apatia, gentileza, amargura, choros, risos...
    Poesia é vida e também é morte...
    Abençoados os que, como tu, se sabem expressar poeticamente.

    Beijinhos e bom fim de semana
    (^^)

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  5. Bom dia Luís,
    Felizes os que vêem poesia numa sala de espera, cheia de interrogações.
    Beijinhos,
    Emília

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    1. Basta um olhar atento e com vontade de compreender.
      Um abraço.

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  6. O silêncio pode ter várias cores.
    Mas numa sala de espera acho que não será branco.
    Acho que será cinzento ou talvez megro.
    Interessante este poema.
    :)

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