Foto de Academia Ipuense



Azul é a solidão 


Há um cântico 

que desce as escadas do edifício onde moro

preenche esta minha lassidão este repouso 

dos combates

da excitação das partidas

dos nascimentos sufocados

esse cântico mata a minha espera

pelo lilás das jitiranas

que me deixaram já órfão

há muito tempo


esse cântico

em algumas noites mata 

a minha solidão azul

esse cântico

que desce as escadas para a minha casa

aprisiono-o com a memória das jitiranas

na última reserva dos encantos que conservo

e minguo na evidência de que tristeza 

cada um tem a sua

e terá de vivê-la absolutamente só.



 

6 comentários:

  1. Teresa Palmira Hoffbauer4 de agosto de 2024 às 15:35

    O silêncio da solidão azul é o cântico dos poetas.
    O azul da solidão é uma ponte para minha paz interior.
    Poema encantador.
    A flor da fotografia tem a forma de um gramofone.
    A folha verde preenche a lassidão do momento.

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  2. Não necessariamente.
    Cada um com a sua tristeza que pode ser
    mitigada ouvindo a do outro.
    Belo poema. Quase me perdi ao lê-lo.
    Um abraço.
    Olinda

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    Respostas
    1. Reconheço que tem razão no seu comentário, ou seja, uma troca de tristezas.
      Um abraço.

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  3. para mim a tristeza nunca é azul.
    acho que não tem cor, mas todos temos esses momentos tristes, mas são nossos, não os podemos trocar pelos de outrem que podem ser até maiores dos que os nossos.
    tristeza tem que ser combatida, embora eu reconheça que nem sempre é fácil, aliás nunca é.
    devemos tentar as nossas defesas e tentar viver com alegria.
    este poema deixou-me com um nó na garganta...
    um abraço azul da cor do céu e do mar, aqui lhe deixo....

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