Foto de Daniel Filipe Rodrigues


Um segredo como um ovo

Foi crescendo um segredo até ser grande
numa concavidade da memória 
um ovo onde se conservam mortos
pequenos segredos a preto e branco
   partidas implacáveis pelo oceano fora
   cartas sem resposta
   músicas escolhidas a correrem no sangue
   madeixas de cabelo sem idade
   desgostos lacrimosos fora do sítio
   um vestido adormecido 
   fotos de beijos em contraluz
e o rosto de um corpo inesquecível 

foi crescendo um segredo tão distante 
como a retroeternidade
afinal a minha memória não cristalizou. 


 



11 comentários:

  1. Un fuerte e intenso poema, el pequeño recuerdo se ha hecho tan grandioso que ocupa ya todo el cerebro, y es que amigo mio
    olvidar no se olvida, viven todas las experiencias en cada uno de ellos
    Tus versos me han encantado
    Un abrazo grande

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  2. A memória continua viva e a celebrar a vida...
    Beijos e abraços
    Marta

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    1. Enquanto tivermos memórias... estamos vivos.
      Um abraço.

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  3. Segredos não se desvendam. Boas memórias são o elixir da longa vida, um tesouro precioso.
    Obrigada, um Outono com muita saúde.

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    1. Os segredos fazem falta de ar a quem tem que os guardar.
      Bom Outono também para si.
      Um abraço

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  4. La única forma de que permanezca oculto, es no contarlo a nadie.
    Un abrazo.

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    1. Guardar secretos es una gran responsabilidad.
      Un abrazo.

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  5. Teresa Palmira HOFFBAUER9 de outubro de 2024 às 22:59

    Sussurrado de um ouvido para o outro, os segredos vagarão.
    Provérbio alemão.
    A original fotografia é de um museu de história antiga?!

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    1. Sim, há segredos que passam de ouvido em ouvido... falsos segredos.
      A imagem é uma obra de Yayoi Kusama.

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  6. Boa tarde Luís,
    Belissimo poema!
    Uma memória bem viva onde cabem todos os segredos.
    Beijinhos,
    Emília

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