Foto do autor do texto tomada do canal Mezzo


De tudo seremos despojados
do silêncio que julgávamos nosso
   ao menos isso
do peixe sobre o pão 
   ao menos isso
do calor no nosso colo
   ao menos isso
de uma canção ao fim da tarde
   ao menos isso
da água a correr nas mãos 
   ao menos isso
direito ao corpo num lugar qualquer 
   ao menos isso

de tudo seremos despojados
cá por mim
que não sei como hei-de terminar o poema
fujo 
com a minha dançarina de flamenco
ao menos isso.






12 comentários:

  1. Ao menos isso, L. Ainda que não saiba como nem onde, sabe que amará a sua dançarina de flamengo quando de tudo o mais for despojado...

    Um forte abraço!

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  2. Sim. Combien de temps! Encore.
    Será o tempo que for. Será o tempo
    que nos for destinado. Despojados
    de tudo. Teremos ao menos a capacidade
    de pensar?
    Serge Reggiani, esplêndido!
    Um abraço.
    Olinda

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    1. Queremos todo o tempo a que temos direito e as canções a que temos direito.
      Um abraço.

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  3. Quantoi tempo ainda L ?
    _ vamos amar o tempo que resta ,seja como for .
    Vai dar tempo , Imaginemos! 'ao menos isso' rsrsrs
    abraços ,amigo

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  4. Que não nos despojem da capacidade de pensar e voar.... ir até ao Topo do Mundo e meditar... deixar que tudo flua....
    Belo...
    Beijos e abraços
    Marta

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  5. Boa tarde Caro Pintor, Poeta e Fotógrafo.

    Este poema reflecte com sensibilidade a certeza do despojamento que a vida e a morte nos impõem, mas, ao mesmo tempo, sugere uma fuga imaginativa e libertadora.
    A dança flamenca, intensa e vibrante, surge como metáfora para um último gesto de liberdade e afirmação do eu.
    É um poema intenso que nos faz pensar sobre o essencial e a forma como escolhemos lidar com a transitoriedade. Uma reflexão profunda, expressa com criatividade e leveza.
    Bonito momento poético que gostei bastante.
    :)

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    1. Aprecio as suas análises que muito valorizam as minhas publicações. Esta é uma correcta apreciação.
      Muito Obrigado.
      Um abraço.

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  6. Bom dia Luís,
    De tudo seremos despojadados.
    Aoroveitemos o tempo que nos resta e vamos dançando.
    Porque a vida é uma dança que não para de nos surpreender.
    Beijinhos,
    Emília

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    1. Aproveitar o tempo que falta, concordo, mas há quem nos amargue o caminho.
      Um abraço.

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