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Tenho um cansaço 
que me contorna o corpo
aqui chegado
aprovo a definição 
do que foi a minha vida
um desencontro 
um desacerto
um desconcerto
este cansaço é a queda
do corpo
tudo é inseguro
é pó 
é água parada
é casa abandonada 
é ave atingida
é infância incompleta
tenho um cansaço 
que me contorna o corpo.


 


18 comentários:

  1. Um poema que fala do cansaço do corpo e, quiçá,
    da alma, de uma forma tão profunda que até dói.
    Um dos seus poemas mais emotivos.
    Um abraço
    Olinda

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  2. Um poema tão intenso como belo... Sem mais palavras. Adorei :)
    .
    🤍 SAUDADES 🤍
    Beijos. Votos de uma excelente semana.

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  3. Imaginei-o cantado, quase um fado. Um abraço

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  4. O poema expressa uma profunda sensação de cansaço e desilusão, que se manifesta não apenas fisicamente, mas também emocionalmente. As imagens que o poeta usa, como "casa abandonada" e "infância incompleta", evocam uma sensação de perda e de um passado que não se concretizou feliz. Esse cansaço que "contorna o corpo" sugere uma carga pesada que o poeta carrega, refletindo inseguranças e um sentimento de desconexão com a vida.

    Provavelmente é apenas um tema para meditar.

    A minha atenção vai para a beleza da fotografia — linda de morrer, como eu costumo dizer.

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    1. Encanto-me com os comentários dos meus leitores/as, é este o caso.
      A poesia é verdade e ficção.

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  5. O cansaço para o qual não temos explicação... mas que existe...É dor, é perda, é traição... é o perguntar "para quê?"...
    Mas a Vida é isso tudo... recheada de momentos de euforia e dor...
    Beijos e abraços
    Marta

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    1. "Viver muito também cansa" como disse o poeta José Gomes Ferreira.
      Um abraço.

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  6. Pior seria se o cansaço lhe esmagasse o corpo...
    Há dias assim, estimado Poeta amigo... sentimo-nos egocêntricos...
    O remédio é pensar nos que estão em pior estado... num soldado ucraniano, por exemplo.
    O poema é formalmente impecável, mas de um pesado dramatismo, faz-me lembrar os poemas de António Nobre.
    Um abraço afetuoso.
    ~~~~

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    1. Estou de acordo mas para pensar em pior talvez numa família de palestinianos.
      Um abraço também.

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  7. Bom dia Caro Poeta/Pintor e Fotógrafo
    O poema carrega um tom de desalento profundo, sustentado por um ritmo pausado e imagens que evocam abandono, cansaço e dissolução. O eu lírico parece reflectir sobre sua trajectória com um olhar desencantado, aceitando que sua vida foi marcada por desencontros e fracassos. A repetição do verso inicial no final (“tenho um cansaço que me contorna o corpo”) fecha o poema de maneira circular, reforçando a ideia de um ciclo sem renovação, onde a fadiga é a única constante.
    A estrutura e o ritmo está bem conseguido. Os versos são curtos e directos, criando um fluxo cadenciado, quase monótono, que traduz bem a exaustão do eu lírico. A ausência de pontuação fortalece a fluidez da leitura, como se os pensamentos fossem se desdobrando num fluxo contínuo, sem pausas definitivas – o que reforça a sensação de um cansaço persistente, que se infiltra em todas as camadas da existência.
    A escolha de palavras reflecte bem o estado emocional do sujeito poético. A construção anafórica com “é” cria um efeito de enumeração que aprofunda a sensação de dissolução e perda:
    “é pó” – imagem de finitude e esquecimento.
    “é água parada” – sugere estagnação, ausência de movimento e renovação.
    “é casa abandonada” – metáfora da solidão, do espaço vazio, da falta de pertencimento.
    “é ave atingida” – uma das imagens mais impactantes do poema, evocando fragilidade e brutalidade ao mesmo tempo, como se algo essencial tivesse sido ferido no percurso da vida.
    “é infância incompleta” – o golpe final, que sugere que essa sensação de desalento e insuficiência vem de longe, talvez de uma lacuna na formação emocional do eu lírico.
    Aqui existe um tom de desalento e desconstrução. A força do poema está no modo como constrói, pouco a pouco, uma atmosfera de falência existencial. O uso dos prefixos negativos (desencontro, desacerto, desconcerto) não apenas reforça a ideia de fracasso e dissonância, mas também sugere um caminho de erros sucessivos, como se a vida tivesse sido composta por tentativas frustradas de encontrar harmonia.
    A metáfora do cansaço como algo que contorna o corpo também é poderosa, pois sugere não apenas um esgotamento físico, mas uma espécie de moldura, algo que define a identidade do eu lírico. Esse cansaço não é momentâneo, mas sim uma condição essencial, algo que o envolve completamente.
    A imagem de suporte está muito em sintonia com tudo o que bebi do poema, embora, esta seja a minha análise que pode estar coberta de erros, de interpretação.
    Boa semana.
    Cumprimentos Poéticos
    :)
    https://olharemtonsdemaresia.blogspot.com/

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    1. A sua análise é precisa e completa, o pormenor da análise sensibiliza o próprio autor.
      Fico agradecido pelo labor que dedicou ao meu escrito.
      Um abraço.

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  8. Gostei do poema sobre o que sentes e olho para a foto será que ela te diz muito? Olha amigo momentos maus todos temos e temos é que fazer algo por nós e mudar o chip.
    Beijos e um bom dia!

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  9. há dias "pesados" em que o desalento toma conta de nós.
    amanhã, será melhor.
    abraço

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