Sou um poeta em dificuldades 
já não encontro as palavras 
já não encontro as ideias 
que vêm escritas nas palavras 

acabou a música e o sol baixou de mais 
os rumores dos outros acordam-me 
deste esgotamento criativo

hoje foi o primeiro dia depois do último 
acabou o dia acabou a poesia 
vou pensar no que farei ao que ficou
no teu lugar ficará uma flor. 


 


14 comentários:

  1. Bom dia
    A poesia neste espaço é sem dúvida da mais criativa que se pode ler .
    Por vezes difícil de interpretar mas sempre com um sentido muito próprio.

    JR

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    1. Os seus comentários são estimulantes. Muito obrigado.
      Um abraço.

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  2. Mas a poesia continuaria escrita na flor... e será espalhada pelo Vento...
    Beijos e abraços
    Marta

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    1. A poesia está à nossa volta mas há dias em que não a vemos.
      Um abraço.

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  3. Mas como fugiram as palavras se todos os dias nos brinda com um poema? Creio que serão muito raras as pessoas que todos os dias escrevem um poema, não será uma exagerada exigência para consigo próprio? Essa flor também é pura poesia.

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    1. A poesia vem ao meu encontro e eu não me nego em dar-lhe um abraço.

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  4. este autor
    por vezes "mente"
    e "mente" tão bem, que eu até fiquei assustada.
    a poesia em si nunca morrerá....

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  5. Bom dia, caro Amigo Poeta/Pintor
    Este poema transmite um sentimento de frustração criativa e desalento, quase como se o poeta estivesse à deriva num mar sem palavras. O primeiro verso já estabelece a crise: "Sou um poeta em dificuldades", uma confissão directa que nos prepara para o desenrolar do problema.
    A repetição do verbo "encontrar" nos dois versos seguintes reforça a sensação de perda e busca infrutífera. A ideia de que as palavras contêm em si mesmas as ideias ("que vêm escritas nas palavras") é interessante, pois sugere que a inspiração do poeta depende delas e, sem acesso a elas, a criatividade estagna.
    O segundo bloco traz um tom mais melancólico e sensorial: "acabou a música e o sol baixou de mais", sugerindo o fim de um ciclo, talvez uma metáfora para o ocaso da criatividade. Os "rumores dos outros" que o despertam desse estado de exaustão podem simbolizar o impacto externo sobre a escrita, seja a crítica, a comparação ou simplesmente a pressão de criar.
    A quebra temporal na terceira estrofe é curiosa: "hoje foi o primeiro dia depois do último" tem um tom paradoxal, mas evoca a sensação de um recomeço estranho e forçado, como se o poeta estivesse tentando seguir em frente depois de um fim abrupto. A conclusão, "no teu lugar ficará uma flor", tem uma beleza triste, parecendo indicar que, no espaço deixado pela inspiração perdida, resta um símbolo delicado e silencioso.
    No geral, o poema é forte na sua simplicidade e reflecte bem o bloqueio criativo com imagens marcantes.
    A foto de suporte é lindíssima e ameniza um pouco o desalento do poema.
    Continuação de boa semana com saúde, a inspiração voltará.
    Um Abraço
    :)

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    1. Brilhante comentário, uma análise em pormenor, não deixa nada por dizer. Muito obrigado.
      Um abraço.

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  6. AnaMar (pseudónimo) deixou um novo comentário na mensagem "":

    Delicado e melancólico, e tanta beleza na simplicidade das palavras, intensificando a emoção e a profundidade do sentimento. Estive ausente e vou levar tempo a pôr a leitura em dia.

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  7. Sonha um pouco
    e vais ver que o sol te voltará a sorrir
    como essa flor está sorrindo

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