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Que fortes são as casas caiadasbrancas como uma folha brancaonde o tempo escreve em manchaso espanto dos homensos mais velhos guardam dentro delasa sua fidelidade à memóriaos mais novos guardam dentro delasas suas explicações para o espanto dos velhoscomo pedras complicadasque vão deixando pelo caminhose tiverem de regressardentro das fortes casas brancasos homens bebem e fumame ajustam o corpo ao corpo das suas mulheresem gestos parecidos com o amornas suas camas de ferro a rangeremas memórias dos antepassadosos homens e as mulherespintam de branco com cal as suas casas brancasao domingo e comem as comidas simplesque as suas mulheres inventamiguais às que já estão inventadase bebeme fumame cantame dormem à noite cansadosa infelicidade ronda agoraos telhados das casas de calela veio ao chamamento dos homensque por engano cantaramo que lhes mandaram cantare quando acordam e abrem as portasdas suas casas brancaso mundo já é outrosão fortes as casas antigas caiadassão brancas na cor das cores e resistirãoos homens velhosestão sentados a comer o tabacoem velhas argolas de fumoos homens novostalvez mudem o mundo outra vez.
O poeta transmite uma vigorosa ideia sobre a resistência, a memória e a mudança. As casas caiadas, brancas como uma folha, simbolizam a força e a permanência das tradições e das histórias que guardam dentro delas. Ao mesmo tempo, o poema mostra como o tempo e a infelicidade podem alterar o mundo ao redor dessas casas, mesmo que elas permaneçam fortes e brancas. É uma homenagem à resistência das gerações passadas e uma esperança de que os homens novos possam, talvez, transformar o mundo novamente.
ResponderEliminarA diversidade de leituras é algo que enriquece a experiência de cada leitor, e entendo perfeitamente o seu ponto de vista.
Ambas as fotografias são lindas de morrer e sintonizam totalmente com a mensagem do poema.
Perfeito comentário. Está no seu texto tudo o que o autor pensou.
EliminarResistir é a palavra de ordem.
As casas guardam memórias... invisíveis a olho nu, mas permanecem escritas naquelas paredes...
ResponderEliminarO Mundo já não é o mesmo...e na conquista, destrói-se as memórias...
Triste, mas poderoso o poema....
Beijos e abraços
Marta
Esperemos que os novos honrem a memória e a luta dos velhos.
EliminarUm abraço.
Muitos dos novos destroem a memória dos velhos se as casas derem lugar a hóteis de luxo e outras construções já para não falar de despejos sem dó nem piedade sem pensarem que também eles um dia serão velhos!
ResponderEliminarGostei muito mas doi-me imensamente ver a destruição de lugares tão bonitos!
Beijos e um bom domingo
Isso é verdade, o lucro e o enriquecimento comandam as acções dos humanos.
EliminarBom domingo.
Um abraço.
Neste poema de notável densidade simbólica e social, as casas caiadas surgem como testemunhas silenciosas do tempo, da memória e das transformações humanas. A brancura não é apenas estética, é uma tela onde se inscrevem as marcas do passado e as inquietações do presente. A estrutura em versos livres, com ritmo quase narrativo, confere à composição um tom de crónica poética, onde o quotidiano se entrelaça com a resistência silenciosa do povo.
ResponderEliminarA alternância entre gerações, os velhos que guardam memórias, os novos que carregam perguntas ,ilustra com sensibilidade o fosso entre a tradição e a mudança, entre o saber acumulado e o desejo de transformação. E se os gestos se repetem, “iguais às que já estão inventadas”, há também um eco de cansaço e desencanto que paira, como a infelicidade rondando os telhados.
Mas o poema não se resigna. Termina com a esperança possível: “os homens novos / talvez mudem o mundo outra vez” Uma linha que abre futuro, ainda que incerto, e reafirma a importância da memória como alicerce para o renascimento.
Um poema que honra o peso do passado sem esquecer a urgência do presente , resistente, belo e inquietante como as próprias casas de cal.
Muito realista e assertivo.
A foto muito bem escolhida.
Bom domingo.
:)
O seu comentário trata todos os pormenores que incluí neste texto como mensagem que se prende com a situação actual cuja mudança não se compadece com os que sofreram pela liberdade. O sofrimento dos mais desprotegidos vai aumentar, conforme a sua trágica escolha.
EliminarMuito Obrigado.
Um abraço
Um poema poderoso às casas antigas caiadas.
ResponderEliminarEstá escrito com ums linguagem simbólica e
interessante...
Que o novo não aniquile o antigo!
Aplaudo a sensibilidade e criatividade.
Abraço
Ps...
O Lago do Parque não é o mesmo que foco na mnha postagem.
A nova esplanada fica na Linha de Água, junto da Av Fontes P de Melo.
Otima semana.
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Corrijo... A esplanada do Jardim Amália fica junto da Av Marquês da Fronteira...
EliminarDesculpe o erro.
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As casas brancas é a resistência.
EliminarSim, achei que a esplanada era a que existe ou existia no topo do Parque Eduardo VII.
Um abraço.