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Uma manhã levantei-me da minha idadetinha acabado de acordar da náuseada compreensão do lugar onde chegueie fiz o saldo do meu tempo consumidovivi todas as estaçõesnão caminhei em todas as cidades eem algumas que caminhei perdi-me semprenão aprendi a nadar nem a voarnão li todos os livrossurpreendi-me de punho erguidoestive sempre em casa ao entardecerarrisquei procurar a luz ao fundo do túnelnaufraguei e dei à costa em várias ilhasdepois deixei-me morrer ___ atentocomo se estivesse a aprenderalgo de único e irrepetívelmasnão tive tempo de perceberse somos alguma coisa.
A vida é feita de naufrágios e chegadas à costa...e quem somos realmente... acho que o objectivo é tentar descobrir, desbravar o tempo e o espaço....
ResponderEliminarProcuramos constantemente e quando desistimos... as cores ficam desfocadas....
Beijos e abraços
Marta
A dúvida é se depois disso tudo... somos alguma coisa.
EliminarUm abraço.
O poeta começa descrevendo um momento de despertar, de uma espécie de clareza após a náusea, que pode simbolizar uma crise ou uma realização dolorosa. A expressão "fiz o saldo do meu tempo consumido" sugere uma avaliação do que foi vivido até então. Ao longo do poema, há uma enumeração de experiências e limitações: viver todas as estações, perder-se em algumas cidades, não aprender a nadar ou a voar, não ler todos os livros. Essas imagens transmitem uma sensação de tentativa e de limites, de sonhos não realizados ou de caminhos que não foram trilhados completamente. A surpresa de punho erguido indica momentos de resistência ou de orgulho, mesmo diante das dificuldades. A repetição de "não" reforça uma sensação de ausência ou de algo que ficou por fazer, enquanto a referência a estar sempre em casa ao entardecer sugere uma rotina, uma zona de conforto ou de estagnação. A busca pela luz no fundo do túnel e o naufrágio em ilhas representam tentativas de encontrar esperança ou significado, mas também fracassos e perdas. O momento final, em que o poeta se deixa morrer, atento, como se estivesse aprendendo algo único e irrepetível, traz uma sensação de aceitação ou de entrega. No entanto, há uma dúvida existencial: se somos alguma coisa, se há um sentido ou uma essência. Essa dúvida final é poderosa, pois revela a busca constante por compreensão e o mistério da existência.
ResponderEliminarA fotografia não ofusca o poema, embora seja linda de morrer.
Ninguém diria melhor o que o poema contém. Fiquei agradado com o que li no seu comentário, fiquei convencido de que a minha mensagem passou. O seu texto é um momento feliz para o autor.
EliminarObrigado.
Domingo... ressuscita!
ResponderEliminarVamos a ver.
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