IA



Sentado numa cadeira antiga
com toda a carga de família 
tomo com as duas mãos 
as pernas frentes do suporte 
e fico a sentir em mim 
um apelo de morte 
uma estrela de fogo sai-te da boca 

não devias ter lançado fogo à tua casa
há também uma casa que arde em mim
foi tudo rápido na sua lentidão 
a madeira já arde
a mim incham-me as pernas adormecidas 
e eu assisto como sempre
a respirar ofegante sem voz

um corvo esvoaça rápido por entre o fumo
e grita na sua voz rouca
                                                             fujam! 
e tu foges. 



 

6 comentários:

  1. Dos Antigos vem essa sanha avassaladora de destruição.
    Pouco ou nada mudou. As cadeiras do poder persistem e
    o mundo continua em perigo. Não há para onde fugir.
    Poema que fica, que nos envolve, que faz reflectir sobre o
    caminho que levamos.
    Abraço
    Olinda

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    1. O homem, com todas as capacidades da sua inteligência, ainda não consegue viver em paz com o seu semelhante, a ganância e a existência de classes sociais prolongará o sofrimento.
      Um abraço.

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  2. Os jogos de poder destroem as civilizações...ignoram, calam as vozes que se opõem...e os que sobrevivem...começam do zero...e voltam a cometer os mesmos erros...
    Beijos e abraços
    Marta

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  3. Se não podermos dominar o fogo, a melhor solução é fugir.
    Abraço de amizade.
    Juvenal Nunes

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