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Já estive exilado várias vezes
dentro do meu próprio exílio 
de vez em quando largo-me por aí fora
num barco de papel que eu próprio faço 
mas não vou longe
passo de um lado para o outro
do lago do jardim da cidade
divirto as crianças mas irrito o guarda
quando vê cisnes assustados a esvoaçarem 
acabo com água pelo joelho
mas interrompo o exílio dentro do meu exílio 

nunca chegas para me salvar do ridículo 
ou talvez seja por isso que nunca chegas. 

 


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Fernando Guimarães


1928 - 2025


12 comentários:

  1. Por vezes, a verdade está escondida no ridículo...
    Beijos e abraços
    Marta

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    1. Há momentos sinceros que nos fazem cair no ridículo.
      Um abraço.

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  2. Bom dia Luís,
    Um poema magnífico de Fernando Guimarães, que gostei de conhecer.
    Obrigada e bom domingo.
    Emília

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  3. No conocía este poema..
    Dejé una nueva entrada en mi blog.
    ¡Gracias!
    ¡Feliz domingo!

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  4. Bonita homenagem !
    Belissímo Poema.
    Mais que partiu ....

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    1. O poema não é de homenagem a Fernando Guimarães, apenas dei a notícia da sua morte.

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  5. Mais uma irreparável perda
    mas...
    mais que oportuno
    mais que justo
    este teu este poema

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  6. Caro Poeta/Pintor
    Navegar neste poema é como entrar num espelho de água , há melancolia e uma ternura desajeitada que nos prende.
    O eu poético, exilado dentro do próprio exílio, leva-nos num barquinho de papel que, apesar de curto alcance, alcança o essencial: provocar sorrisos, incómodos e pensamentos. Entre cisnes assustados e guarda-chuvas invisíveis, fica a pergunta que escapa com elegância ao patético: será o ridículo também uma forma de salvação?
    Não sei, mas gostei do poema e da imagem.
    Mais um Poeta que nos deixa, que descanse em Paz .:(
    Semana Abençoada com saúde.
    Deixo um abraço.
    :)

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    1. Os poetas são, muitas vezes de certo modo, ridículos mas isso também é poesia.
      Um abraço.

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