Já há um estranho cheiro a cera

no interior da minha casa

o meu projecto foi uma casa de barro

para que um dia esta terra

seja uma irrecuperável ruína 

para que depois de mim a casa

não sirva a mais ninguém 

e se desfaça sob a chuva diluviana

do meu último dia


já há um estranho cheiro a cera

as velas já estão acesas

alguém adiantou o destino erradamente 

fico em vigília fora do tempo

impaciente o lume lavra o projecto

porque já é o fim da história 

começa a chover sobre a minha casa

o que prova que sendo o fim do tempo

ainda não é tarde


renasço aqui __ ali ___ em qualquer lugar. 


 

 

6 comentários:

  1. Tudo é um ciclo...renasce-se das ruínas...estabelece-se novos planos....
    Beijos e abraços
    Marta

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  2. Nascemos e renascemos.
    Renascemos e morremos.
    Tudo faz parte de um ciclo...

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  3. Caro Amigo Poeta/Pintor
    Confesso que este poema me deixou a farejar o ar e a reflectir! Há um certo cheiro a cera… mas talvez seja apenas das velas da inspiração acesas em demasia!
    Entre ruínas de barro e chuvas diluvianas, anuncias o fim como quem prepara uma nova sementeira.
    Se isto era para assustar, falhou redondamente, porque, renasces no final, e ainda por cima, em qualquer lugar!
    (Nota para o destino: não seja precipitado, o artista ainda tem muito que pintar e poetar!)
    Abraço
    :)

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    1. Este autor quase desconhecido, por vezes, pensa em interromper a actividade criativa.
      Muito Obrigado pelo incentivo.
      Um abraço.

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