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Ó gentes de quem eu gosto 

quando os indesejáveis decidirem vir visitar-me
avisem-me
para eu poder tirar os degraus da escada
por onde se chega ao meu corpo inteiro. 



 

6 comentários:

  1. Que venha sempre quem vier por bem.
    Abraço de amizade.
    Juvenal Nunes

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  2. Hay lobos que se disfrazan de oveja y solo en sus actuaciones se verán descubiertos.
    Feliz día. Un abrazo.

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    1. Es cierto, solo se conoce a la gente después de un tiempo.
      Abrazos.

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  3. A voz do poema parece falar de instinto de proteção extremo: avisar quando “os indesejáveis” chegam para que o eu consiga remover os degraus que conduzem ao corpo inteiro. É como transformar a subida em obstáculo, numa barreira literal contra invasão. O “tirar os degraus da escada” sugere descontinuidade do acesso, uma recusa radical ao contacto. O corpo inteiro fica intocado, inacessível, quase sagrado. O uso de “Ó gentes” e “quando os indesejáveis decidirem vir visitar-me” confere uma cadência ritualística, como se fosse uma advertência de proteção diante de visitantes indesejáveis. Em termos de imagens, o poema trabalha com o corpo como território, com a escada como instrumento de acesso e o degrau como passo que pode ser removido para impedir a passagem. O efeito geral é de ambiguidade entre hospitalidade — gente de quem eu gosto — e hostilidade necessária — tirar degraus para evitar invasões.
    É uma dança entre desejo de convívio e medo de dano.

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    1. Brilhante a sua interpretação. Até o autor sai mais conhecedor da sua escrita depois deste seu comentário. Muito bom.
      Um abraço.

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