Tu eras quem sabia quase tudo sobre a tristezasabias medir a frequência das lágrimassabias como se alterna a melancoliacom a vontade de comersabias quando a poesia se negavaa ser a carne dos nossos ossossabias quando a nudez era menos importantedo que a maneira de falartu sabias quase tudo sobre a tristezae como fazer perdurar em nósa vontade de vida apesar de tudopor todo esse saber te chameino meio da afliçãomas tu já não eras daquele tempoo fogo queimou tudo o que eu ainda tinha.

Não se sabe tudo sobre a tristeza... profunda, dorida e extenuante...
ResponderEliminarBeijos e abraços
Marta
Sim, nunca saberemos.
EliminarUm abraço.
Boa tarde Poeta,
ResponderEliminarBelo e comovente este poema que me deixou pensativa!
A vida traz-nos momentos em que necessitamos do afago de alguém, que já não está, para mitigar os momentos em que a tristeza nos invade.
Um beijinho,
Emília
Estou de acordo consigo. Se não ardemos sozinhos.
EliminarUm abraço.
Boa tarde Caro Poeta/Pintor
EliminarUm poema de grande intensidade, onde a tristeza é quase personificada como alguém íntimo, com quem se dialoga.
A cadência dos versos transmite proximidade e confissão, ao mesmo tempo em que o desfecho deixa a marca forte da perda e do fogo que tudo consome.
Um texto que toca fundo e faz ecoar a vulnerabilidade humana.
A foto ficou em total sintonia.
Boa semana.
:)
Sempre ricos os seus comentários. O autor também descobre coisas depois de ler as suas interpretações.
EliminarUm abraço.
Dualidade entre tristeza e vida: o poema articula uma tensão entre melancolia e impulso vital. A matemática da tristeza (medir lágrimas, frequência) contrasta com a “vontade de comer” e, mais adiante, com a “vontade de vida”. Essa justaposição sugere que a dor pode coabitar com o desejo de viver. Melancolia versus nudez e linguagem: a passagem “a poesia se negava | a ser a carne dos nossos ossos” indica que, em momentos de tristeza profunda, a poesia perde o vigor físico, tornou-se menos essencial e menos ancorada na experiência corpórea. A nudez, portanto, não é apenas sexual, mas um símbolo de vulnerabilidade exposta, que tem menos importância do que “a maneira de falar” — ou seja, a forma e a expressão verbal tornam-se prioridade, como se a linguagem fosse o meio de manter a humanidade. Metamorfose do tempo e do fogo: o verso final — “tu já não eras daquele tempo | o fogo queimou tudo o que eu ainda tinha” — traz uma imagem contundente de transformação irreversível. O fogo simboliza transformação, perda e apagamento de algo essencial. A retrospectiva aponta para uma mudança que não pode ser revertida, mantendo o lamento e a solenidade.
ResponderEliminarA imagem reforça essa ideia de domínio e de uma relação de proximidade que se foi desfazendo com o tempo.
Muito completo o seu texto interpretativo. Sem dúvida que estes seus comentários são importantes para a leitura dos escritos do autor. Descubro-me lendo atentamente aquilo que escreve.
EliminarLa tristeza viene sin buscarla. Es dificíl salir de ella, pero si te lo propones con firmeza, puede desaparecer.
ResponderEliminarUn afectuoso saludo.
Tristeza que ecoa na minha tristeza e dela preciso como da alegria
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